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Estado de Minas

Governo desiste de sigilo eterno de documentos

Nova determinação é votar projeto com urgência. Acesso a dados sobre direitos humanos será livre


postado em 21/06/2011 06:00 / atualizado em 21/06/2011 08:02


Brasília – O governo desistiu de brigar no Congresso pela aprovação do sigilo eterno de documentos ultrassecretos. A decisão ocorre depois da repercussão negativa do recuo da presidente Dilma Rousseff sobre o prazo de divulgação de informações públicas. A nova ordem do Palácio do Planalto é votar o projeto de Lei de Acesso à Informação com urgência, mantendo inclusive o texto aprovado pela Câmara. A desistência de forçar o Senado a aprovar o texto original e permitir que os parlamentares discutam por mais tempo a proposta ocorre num momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa duas ações de inconstitucionalidade que questionam a validade da atual legislação. E abre a possibilidade de retirar do Executivo a prerrogativa de classificar documentos sigilosos.

Ministra Maria do Rosário:
Ministra Maria do Rosário: "Legislativo terá autonomia para decidir" (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 7/4/11)
“O Executivo não vai oferecer questão fechada nem dizer como votar. O Legislativo tem automonia para trabalhar. Essa é uma questão nova para permitir que o Congresso decida com total liberdade", afirmou ao Estado de Minas a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário. O governo preferiu deixar a batalha dos documentos ultrassecretos de lado para capitalizar o que entende ser central do projeto: informações sobre direitos humanos são de livre acesso. A ministra dos Direitos Humanos defendeu que o Senado aprove o texto igual ao votado pelos deputados e não recue para a proposta original apresentada em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A principal diferença é em relação aos documentos ultrassecretos. No projeto original, essas informações poderiam se manter sigilosas por tempo indefinido sendo renovada a cada 25 anos. Os deputados aprovaram que o público deve tomar conhecimento dos dados em 50 anos, no máximo.

O Ministério da Defesa vai seguir a orientação da presidente e deixar que o Senado aprove o projeto da Cãmara. “É bom o governo deixar o Parlamento resolver”, afirmou José Genoino, assessor especial do ministro Nelson Jobim. “Não há interferência do Ministério da Defesa nesse assunto. Não vejo isso, ele não propôs emenda, não fez proposta ao Senado”, emendou o ex-deputado

A decisão no Judiciário deixa o governo numa encruzilhada. Se a proposta em tramitação no Senado não for aprovada, o Supremo pode derrubar as leis vigentes. E, mesmo se o projeto for votado antes da decisão do STF, ela também deve ser questionada, já que traz elementos semelhantes à legislação atual. A principal delas é a questão da competência de classificação e os prazos de liberação dos documentos. As ações de inconstitucionalidade, protocoladas pela Procuradoria-Geral da República e pela Ordem dos Advogados do Brasil, correm juntas e estão nas mãos da ministra Ellen Gracie.

Para o ministro do Supremo Gilmar Mendes, chegou a hora de o Congresso aprovar uma nova legislação que contemple critérios e parâmetros sobre a proteção de documentos secretos. “É um tema que deve ser analisado com muito cuidado. Há situações que precisam ser devidamente analisadas”, ponderou Gilmar Mendes.


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