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Estado de Minas

"Hackers do bem" desaprovam colegas que atacaram sites governamentais


postado em 25/06/2011 09:10 / atualizado em 25/06/2011 09:12

Em meio às recentes invasões a sites governamentais, o grupo Transparência Hacker afirma não ter relação com os responsáveis pelos ataques e aproveita o momento para discutir a própria atuação. Segundo seus participantes, a organização, objeto de reportagem do Correio de 21 de maio, tenta se desvencilhar das ações criminosas. “Trabalhamos com dados que são abertos. Nossa luta é divulgar informações governamentais que já são públicas, tornando-as mais acessíveis”, explica o articulador de redes Diego Casaes, 23 anos. Ele desaprova a publicação de dados como telefones de ministros ou o CPF da presidente Dilma Rousseff, por exemplo. “Essas informações são pessoais, não públicas. Entendo que devem permanecer sigilosas, porque dizem respeito à pessoa”, afirma.

Segundo o engenheiro de softwares Marcelo Jorge Vieira, 29 anos, que também participa das discussões do grupo, os objetivos dos “hackers do bem” são diferentes. Eles têm como hobby descobrir falhas em sites, de instituições públicas ou não, e alertar os responsáveis. Na página da Agência Nacional do Petróleo (ANP), por exemplo, Vieira acessou a listagem de preços de gasolina para criar um abaixo-assinado por valores mais baixos dentro do portal. “Eu poderia ter coletado senhas ou publicado uma notícia falsa, mas essa não é nossa proposta. Nossa intenção é mostrar que há problemas, para que os órgãos possam corrigi-los antes que alguém se aproveite dessas deficiências”, diz, acrescentando que há pouco cuidado com os sistemas do governo.

No mês passado, Vieria identificou brechas nos sites de diversos ministérios, como os da Cultura, Fazenda, Meio Ambiente, Minas e Energia e Ciência e Tecnologia, além do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essas falhas poderiam facilitar o roubo de senhas e de dados e os órgãos foram alertados. No entanto, afirma o engenheiro, apenas alguns corrigiram os problemas. “A Anvisa me mandou um e-mail na semana passada falando que só agora eles tinham protocolado o pedido na ouvidoria para começar a corrigir o erro. É tudo muito lento.”

As falhas identificadas, segundo Vieira, são primárias e não têm relação com os ataques desta semana. “O alerta que eu fiz diz respeito à facilidade para o roubo de dados, não para tirar os sites do ar”, explica. O especialista em informática ainda critica o modelo de gestão oficial. “A máquina do governo é muito grande e eles não têm uma gerência para proteger os sites. Cada órgão cuida de sua estrutura de TI (Tecnologia da Informação) e algumas têm o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), mas não há ninguém para acompanhar de forma centralizada. Um ministério sofre um ataque e os outros não ficam sabendo”, comenta.

Participação

Criado em outubro de 2009, em São Paulo, o Transparência Hacker tem o objetivo de fiscalizar o governo por meio da internet e incentivar maior participação da população nos processos decisórios. O movimento, hoje, contabiliza cerca de 500 participantes, que mantêm uma lista de discussão na web e organizam encontros em diversos pontos do país — os chamados hackdays —, quando desenvolvem aplicativos baseados em informações públicas.


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