Como prevenção à maior onda de ataques virtuais a portais do governo brasileiro, a Presidência da República determinou ao Ministério da Defesa a implementação de núcleos no Exército, Marinha e Aeronáutica exclusivos para segurança dos sistemas virtuais militar e civil. Em paralelo, foi destacado também um grupo dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para investigar a ação dos hackers que, na semana passada, derrubaram mais de 14 páginas de ministérios, estatais e empresas privadas, incluindo o que teria sido uma invasão ao banco de dados do próprio Exército. Ontem, mais 15 sites foram alvos, incluindo o da Universidade de Brasília..
O processo de integração dos centros de defesa cibernéticos das três forças passa também por uma capacitação dos militares que serão destacados para o órgão. Eles receberão constantes atualizações e capacitação com cursos de extensão e pós-graduação em tecnologia da informação bancados pelo governo federal. Como o projeto está em implementação, ainda não há orçamento previsto.
Hoje, toda segurança de informação do governo federal é descentralizada. Cada pasta é responsável por sua página institucional. Os servidores das pastas são de baixa capacidade por não trazerem informações relevantes. Um dos principais bancos de dados do governo é o do Ministério da Saúde, que reúne, entre outros, o banco de preços em saúde. A infraestrutura de tecnologia da informação das pastas também é bastante precária e amadora, com sites sendo criados com ferramentas funcionais, de fácil acesso e disponíveis ao grande público. O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) é responsável pelos sites da Presidência, Fazenda e Planejamento.
O Estado de Minas mostrou na edição de sábado que as estatais deixaram de investir R$ 1 bilhão em segurança da informação, entre 2009 e 2010. Além disso, o Serpro diminuiu o ritmo de investimentos nos primeiros quatro meses deste ano em relação a igual período do ano passado: saiu de R$ 38 milhões no quadrimestre inicial de 2009 e caiu para R$ 9 milhões entre janeiro e abril deste ano. O governo, no entanto, diz não estar com tecnologia atrasada, sustenta que os ataques limitam-se a tirar do ar as páginas e garante: nenhum servidor com informações mais sensíveis foi invadido.
O governo monitora atividades anormais em seus servidores desde 16 de junho ,quando o grupo LulzSec disse ter sido responsável por derrubar o site da Agência Central de Inteligência, CIA, na sigla em inglês, do governo dos Estados Unidos. Esse grupo — que acabou se ramificando pelo Brasil e foi responsável pelos primeiros ataques contra as páginas institucionais da presidência — também atacou a base de dados da Sony, Nintendo, Senado dos EUA, FBI e o Departamento de Polícia do estado americano de Arizona. Especialistas dizem que este último é o maior invasão virtual já registrada.
Quinze ataques Em mais um dia de ataques cibernéticos, hackers invadiram o site da Universidade de Brasília (UnB), páginas de secretarias estaduais, câmaras municipais e órgãos de governo e da polícia. Uma fotomontagem da presidente Dilma Rousseff foi publicada no site da secretaria de Administração de Mato Grosso. Até o início da noite de ontem, os hackers brasileiros reivindicavam a invasão em 15 sites.