Pequena cidade do Campo das Vertentes, a 208 quilômetros de Belo Horizonte, Barroso é um espelho da condição atual da República Brasileira. Lá quem dá a palavra final a respeito do destino dos 20 mil habitantes são três mulheres, que comandam os três poderes: a prefeita Eika Oka Melo (PP), a presidente da Câmara, Vera Aparecida Rodrigues Pereira (PTB), e a juíza Valéria Possas Dornelas. Desde que a presidente Dilma Rousseff promoveu uma dança de cadeiras no ministério, trocando e substituindo peças-chaves, são as mulheres que mandam efetivamente no país. Além da própria presidente, as ministras da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e do Planejamento, Miriam Belchior, detêm as pastas com maior poder.
A prevalência feminina em Barroso, porém, começou antes, em janeiro, quando a vereadora Vera Pereira assumiu o posto de presidente do Legislativo e se somou às outras duas que já comandavam o Executivo e o Judiciário. À época da eleição, em 2008, foi feito acordo em que cada uma das chapas seria presidente da Câmara por um ano. Um, entretanto, acabou ficando dois anos e Vera teve que se impor, articulando situação e oposição, para se tornar a chefe da Câmara barrosense em janeiro. “Não aceitei a puxação de tapete”, lembra Vera.
Apesar de articular com a oposição, Vera se declara da base da prefeita Eika. “Defendo os projetos que a prefeita manda”, garante a vereadora, primeira mulher a ser eleita presidente da Câmara na história da cidade desde a emancipação em 1953. A prefeita Eika também é pioneira e assumiu o Executivo pela primeira vez em 2001, ficando quatro anos no poder.
Eika não foi reeleita e, quando tentou voltar ao posto em 2008, teve que descascar um abacaxi: foi acusada de usar indevidamente as verbas da saúde e teve a candidatura impugnada. Quem decidiu, em primeira instância, pela impugnação foi a terceira mulher poderosa de Barroso, a juíza Valéria Dornelas. Eika conseguiu ser absolvida na última instância, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ficou pouco mais de um ano fora do cargo.
A prefeita diz que não guarda mágoas e que o relacionamento é o melhor possível. Quando se encontram nos corredores do Palácio dos Três Poderes trocam beijos, abraços e perguntam pela família. Aliás, a proximidade é forçada pelo palácio, localizado no Centro da cidade, em frente à igreja matriz e a praça principal. O prédio de quatro andares tem a prefeitura nos dois primeiros, o fórum no terceiro e a Câmara no último.
Na avaliação da juíza Valéria, o relacionamento entre mulheres é mais fácil, “menos formal”. Ela explica que os homens são mais formais, enquanto as mulheres primeiro conversam sobre a família e depois tratam dos assuntos profissionais. Aliás, Valéria explica que quando é necessário conversar com a prefeita ou com a presidente da Câmara prefere fazê-lo pessoalmente ou ao telefone. “Quando preciso encaminhar algo à assistência social da prefeitura, por exemplo, converso pessoalmente antes de mandar um ofício”, explica.
A prefeita, que já planeja a candidatura para o próximo ano, pode ter outro quiproquó do poderio feminino para enfrentar. Isso porque a presidente da Câmara também almeja a cadeira do Executivo. Vera não descarta a candidatura, mesmo sendo da base da prefeita. “Vai depender do partido”, escorrega. Porém, o brilho nos olhos diante da possibilidade de comandar o Executivo municipal não esconde o desejo da chefe do Legislativo. A prefeita, ao ser questionada sobre essa possibilidade, reage com certa naturalidade: “Todos podem ser candidatos”. Ela completa que antes de se decidir pela reeleição precisa cumprir algumas promessas de campanha: “O esgotamento sanitário de três bairros, a construção de uma escola municipal e a finalização do distrito industrial da cidade”, detalha.
Gentileza
Nas ruas, o sentimento da população é uma mistura de aprovação com um pouco de indiferença. “É a mesma coisa”, diz o fiscal de obras João Reginaldo da Costa. Depois, ele reflete com calma e complementa: “O lar em que a mulher manda é um lar feliz”. Já o aposentado Cláudio Ladeira acredita que trabalhar com as mulheres é melhor, pois obriga os homens a serem mais gentis. “É preciso ter jogo de cintura. Em mulher bater não pode e apanhar é triste”, filosofa Ladeira. Deixando a brincadeira de lado, o aposentado diz que a vantagem é que as mulheres estão mais dispostas a ouvir. Em contrapartida, ele assume que diante do poder feminino em Barroso a solução é mudar a postura e se preparar no momento em que for abordá-las. Já a dona de casa Elizandra Maria Ferreira diz que “sinceramente” não vê nenhuma diferença no estilo de governar das mulheres e dos homens. “Em casa tem que mandar os dois. Se só a mulher mandar, não dá certo”, exemplifica Elizandra.
A prevalência feminina em Barroso, porém, começou antes, em janeiro, quando a vereadora Vera Pereira assumiu o posto de presidente do Legislativo e se somou às outras duas que já comandavam o Executivo e o Judiciário. À época da eleição, em 2008, foi feito acordo em que cada uma das chapas seria presidente da Câmara por um ano. Um, entretanto, acabou ficando dois anos e Vera teve que se impor, articulando situação e oposição, para se tornar a chefe da Câmara barrosense em janeiro. “Não aceitei a puxação de tapete”, lembra Vera.
Apesar de articular com a oposição, Vera se declara da base da prefeita Eika. “Defendo os projetos que a prefeita manda”, garante a vereadora, primeira mulher a ser eleita presidente da Câmara na história da cidade desde a emancipação em 1953. A prefeita Eika também é pioneira e assumiu o Executivo pela primeira vez em 2001, ficando quatro anos no poder.
Eika não foi reeleita e, quando tentou voltar ao posto em 2008, teve que descascar um abacaxi: foi acusada de usar indevidamente as verbas da saúde e teve a candidatura impugnada. Quem decidiu, em primeira instância, pela impugnação foi a terceira mulher poderosa de Barroso, a juíza Valéria Dornelas. Eika conseguiu ser absolvida na última instância, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ficou pouco mais de um ano fora do cargo.
A prefeita diz que não guarda mágoas e que o relacionamento é o melhor possível. Quando se encontram nos corredores do Palácio dos Três Poderes trocam beijos, abraços e perguntam pela família. Aliás, a proximidade é forçada pelo palácio, localizado no Centro da cidade, em frente à igreja matriz e a praça principal. O prédio de quatro andares tem a prefeitura nos dois primeiros, o fórum no terceiro e a Câmara no último.
Na avaliação da juíza Valéria, o relacionamento entre mulheres é mais fácil, “menos formal”. Ela explica que os homens são mais formais, enquanto as mulheres primeiro conversam sobre a família e depois tratam dos assuntos profissionais. Aliás, Valéria explica que quando é necessário conversar com a prefeita ou com a presidente da Câmara prefere fazê-lo pessoalmente ou ao telefone. “Quando preciso encaminhar algo à assistência social da prefeitura, por exemplo, converso pessoalmente antes de mandar um ofício”, explica.
A prefeita, que já planeja a candidatura para o próximo ano, pode ter outro quiproquó do poderio feminino para enfrentar. Isso porque a presidente da Câmara também almeja a cadeira do Executivo. Vera não descarta a candidatura, mesmo sendo da base da prefeita. “Vai depender do partido”, escorrega. Porém, o brilho nos olhos diante da possibilidade de comandar o Executivo municipal não esconde o desejo da chefe do Legislativo. A prefeita, ao ser questionada sobre essa possibilidade, reage com certa naturalidade: “Todos podem ser candidatos”. Ela completa que antes de se decidir pela reeleição precisa cumprir algumas promessas de campanha: “O esgotamento sanitário de três bairros, a construção de uma escola municipal e a finalização do distrito industrial da cidade”, detalha.
Gentileza
Nas ruas, o sentimento da população é uma mistura de aprovação com um pouco de indiferença. “É a mesma coisa”, diz o fiscal de obras João Reginaldo da Costa. Depois, ele reflete com calma e complementa: “O lar em que a mulher manda é um lar feliz”. Já o aposentado Cláudio Ladeira acredita que trabalhar com as mulheres é melhor, pois obriga os homens a serem mais gentis. “É preciso ter jogo de cintura. Em mulher bater não pode e apanhar é triste”, filosofa Ladeira. Deixando a brincadeira de lado, o aposentado diz que a vantagem é que as mulheres estão mais dispostas a ouvir. Em contrapartida, ele assume que diante do poder feminino em Barroso a solução é mudar a postura e se preparar no momento em que for abordá-las. Já a dona de casa Elizandra Maria Ferreira diz que “sinceramente” não vê nenhuma diferença no estilo de governar das mulheres e dos homens. “Em casa tem que mandar os dois. Se só a mulher mandar, não dá certo”, exemplifica Elizandra.