Enquanto o governo tem pressa na votação da matéria, alguns parlamentares afirmam que o projeto não pode ser votado sem antes passar pela análise de uma comissão especial, o que travaria o encaminhamento da proposta. "Não acreditamos em uma comissão sobre a comissão", disse a ministra, ressaltando a urgência do tema. "Nossa pressa é a de 50 anos de trevas e é a de não sermos coniventes a cada dia com o que aconteceu no país. A cada dia que demoramos é mais um em que não damos respostas", afirmou.
A ministra participou nessa terça-feira, na Universidade de Brasília (UnB), do lançamento do Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do Distrito Federal. Esse é o 17º grupo criado com o apoio da secretaria. As unidades, ligadas à sociedade civil, têm o objetivo de reforçar a necessidade da aprovação da matéria e pressionar os parlamentares.
"O governo deixou em banho-maria esse assunto, e agora há uma intenção da presidente Dilma de acelerar para que essa comissão possa ser implantada ano que vem. Há a necessidade de vontade política para que isso seja aprovado até o final do ano", destacou Iara Xavier Pereira, integrante do Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do DF. Ela teve dois irmãos e o primeiro marido assassinados durante o regime militar.
Maria do Rosário defendeu o governo, ressaltando que a posição de Dilma é clara e que não há contradições. "Não vacilamos. Não amarelamos. Não temos dois lados", disse a ministra, pedindo que não haja dúvidas sobre a postura de Dilma.
O Projeto de Lei n° 7.376/10, de autoria do Executivo, propõe a criação da Comissão Nacional da Verdade e atualmente tramita na Câmara dos Deputados. A presidente Dilma Rousseff elegeu o assunto como prioritário, e o governo trabalha pela votação na Casa ainda este ano. A proposta institui um colegiado, no âmbito da Casa Civil, para esclarecer casos de violação de direitos humanos ocorridos entre 1964 e 1985, durante o regime militar. Porém, a comissão não terá poderes para punir possíveis responsáveis por sequestros, torturas ou mesmo homicídios.