Dilma promoveu uma intervenção na pasta e está disposta a fazer uma alteração no comando. A demissão ou não de Alfredo Nascimento depende de uma avaliação que será feita hoje sobre dois aspectos: 1) o ministro envolveu-se diretamente no esquema de irregularidades e 2) mesmo que a primeira resposta seja negativa, se ele perdeu o controle do ministério deixando a corrupção correr solta.
“A presidente fez uma intervenção e agora tudo depende de como o Alfredo vai se comportar. Se ele perdeu o controle, é difícil ele continuar. Se ele tiver participação nas condutas ilícitas, é impossível ele continuar”, afirmou um auxiliar de Dilma.
A presidente mostrou dois sinais bastante claros ao determinar o afastamento dos quatro envolvidos nas supostas irregularidades. Não vai tolerar acusações de corrupção em seu governo e, sempre que aparecerem denúncias consistentes, os envolvidos serão afastados ainda que temporariamente. “Ela não vai tolerar condutas ilícitas e deixou isso muito claro”, disse esse auxiliar.
Artilharia pesada
A oposição mobiliza as tropas tendo como alvo Alfredo Nascimento e o Ministério dos Transportes. Começa a coletar assinaturas para uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Dnit e trabalha para ver o ministro se explicando ao Congresso.
O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), sustentou que a oposição fechará uma estratégia conjunta. “Vamos definir se faremos a convocação (do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento) só na Câmara, só no Senado e até a criação de uma CPI”, afirmou. Para o parlamentar baiano o afastamento dos quatro assessores do Ministério dos Transportes é insuficiente. “A denúncia é muito grave. O afastamento de quatro pessoas da cúpula do ministério é insuficiente para esclarecer os fatos. Vamos tomar providências e convocar autoridades”, acrescentou Neto.
Alfredo Nascimento informou que vai instaurar sindicância para apurar “rápida e rigorosamente” as irregularidades e negou participação no esquema. O ministério é alvo de constantes denúncias e a ingerência do secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto, é conhecida. Neto encaminhava parlamentares de outros partidos ao ministro, que tentava trazê-los ao PR com a promessa de liberação das emendas no Orçamento, conforme mostrou reportagem do Correio de 2009.