De acordo com o projeto de lei, o programa atenderá, prioritariamente, estudantes do ensino médio da rede pública, beneficiários dos programas federais de transferência de renda e trabalhadores. Em relação a essa última categoria, a prioridade será dada àqueles reincidentes no acesso ao seguro desemprego. No entanto, esse é um ponto controverso, questionado por gestores estaduais e municipais de políticas públicas de emprego, que atualmente atendem pessoas desempregadas por meio do Sistema Nacional de Emprego (Sine), vinculado ao Ministério do Trabalho. Isso porque o Sine, que abrange o Programa do Seguro-Desemprego, não é citado pelo projeto.
Reclamação
O representante do Fórum Nacional de Secretários de Trabalho (Fonset) Luís Cláudio Romanelli reclama: “Todos os dias, o trabalhador bate à porta do Sine atrás de emprego. E tanto o sistema quanto o Ministério do Trabalho estão totalmente excluídos do Pronatec”. Segundo o secretário de Políticas Públicas e Emprego do Ministério do Trabalho, Carlo Roberto Simi, o Sine atendeu 48 milhões de trabalhadores em busca de seguro-desemprego nos últimos oito anos e encaminhou 35 milhões para vagas de trabalho. Mas apenas 7,3 milhões de postos foram ocupados, de 15 milhões disponíveis. “A diferença do número de vagas para o número de colocados se dá pela falta de qualificação. Hoje, encaminhamos o trabalhador, mas ele não tem a qualificação. E isso deixou de ser uma questão social para ser uma questão econômica”, afirma.
O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Eliezer Pacheco, afirma que a atual estrutura do Ministério do Trabalho presente no país deve ser incluída no Pronatec, mas frisa que o programa é essencialmente educacional: “O Ministério do Trabalho tem participado prioritariamente conosco e contamos com a inclusão do Sine, mas a centralidade do Pronatec é a educação. Todas as estatísticas nos comprovam que a maior forma de elevação de renda é a educação”.
Patrícia Moura, 19 anos, acabou de terminar o ensino médio e já procurou um dos cerca de 1.400 postos do Sine do país à procura de emprego. Ela conta que ainda não tem uma renda para fazer faculdade e a pouca experiência ainda não foi suficiente para a conquista de um posto de trabalho. “Eu fui estagiária de telemar-keting, mas não recebi nenhuma formação. Sinto falta de ter feito uma qualificação para ter mais chances de emprego”, conta.