O fato de a Presidência ter decidido devolver para o Ministério do Desenvolvimento Agrário um conjunto de processos de desapropriação e aquisição de terras para a reforma também provoca irritação do MST. Concluídos durante a gestão de Rolf Hackbart, que comandou o Incra no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e à espera do sinal verde da presidente Dilma, os processos retornaram com a explicação de que precisam de justificativas mais robustas. “Foram devolvidos 90 kits de desapropriação já concluídos”, reclama João Paulo Rodrigues, porta-voz da coordenação nacional do MST. “Atitudes como essa paralisam o Incra e a reforma agrária.”
Na semana passada, Rodrigues postou em seu Twitter a seguinte mensagem endereçada à presidente: “Dilma, estamos em junho e até agora os diretores do Incra não foram nomeados, ou seja: a reforma está parada. Poderia nos informar o que se passa?” No final de semana, outro dirigente nacional, Jaime Amorim, também atacou, em entrevista no site da organização: “Mesmo no projeto de combate à miséria que a presidente Dilma instituiu a reforma não está colocada”.
Respostas
Com estilo mais discreto que o de seus antecessores, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, tem evitado polemizar diretamente com o MST. Mas não deixou de rebater as críticas do movimento e disse que a reforma agrária no Brasil está sendo feita “dentro das regras da lei e do pressuposto da responsabilidade fiscal, com o orçamento disponível”.
Questionado sobre a nomeação para as superintendências do Incra, Florence diz que "o fato de ter sido iniciado um novo mandato não significa que todos os gestores tenham de ser substituídos imediatamente". E o ministro afirma que a reforma agrária ainda é prioridade para o governo. "Temos nitidez da importância de um produtor rural que produza alimentos, que tenha paz, renda, capacidade de consumir bens e serviços para garantir qualidade de vida à sua família". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.