Jornal Estado de Minas

Campanha de Nascimento teve 91% de doações "ocultas"

AE
Na disputa pelo governo amazonense no ano passado, o hoje ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, teve sua campanha abastecida por doações predominantemente ocultas. Dados da Justiça Eleitoral mostram que em 91,32% dos recursos recebidos pelo então candidato do PR não é possível saber qual foi a empresa doadora.
Essa modalidade de doação é aquela na qual o dinheiro é arrecadado pelo comitê financeiro ou pelo partido político (principalmente com empresas). Somente depois o valor é transferido ao candidato. Os políticos beneficiados por essas transferências não precisam informar nominalmente quem lhes deu o dinheiro e, com isso, os eleitores não têm condições de saber exatamente de onde vieram as doações. Especialistas em direito eleitoral costumam afirmar que, por mais que a Justiça tente inibir essa modalidade de doação, a tarefa é impossível porque o dinheiro não é carimbado.

De acordo com os dados disponíveis na página do Tribunal Superior Eleitoral, Nascimento recebeu R$ 10.881.186,07 como doações para sua campanha. Desse total, R$ 8.860.000,00 foram repassados pelo comitê financeiro único, R$ 626.800,00 pelo diretório estadual e R$ 450.000,00 pelo diretório nacional do PR.

As outras doações, recebidas de empresas e pessoas físicas, somaram R$ 944.386,00. Entre as empresas que contribuíram com o candidato estavam a Moto Honda da Amazônia e a Videolar. A assessoria do ministro disse que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) aprovou a prestação de contas da campanha e que “os recursos arrecadados na disputa eleitoral foram todos distribuídos pelo partido”. O ministro também enviou ao jornal um arquivo de mais de 800 páginas com a prestação de contas.