Jornal Estado de Minas

PR indica dois nomes para Transportes

Com a desistência de Maggi da corrida pelo ministério, partido tenta emplacar o deputado Luciano Castro ou o ex-senador César Borges e evitar a permanência do favorito de Dilma

Paulo de Tarso Lyra Denise Rothenburg
Brasília – Com a recusa do senador Blairo Maggi (MT) em assumir o Ministério dos Transportes, o PR corre atrás do prejuízo e pretende levar até segunda-feira dois nomes de ministeriáveis para a presidente Dilma Rousseff: o ex-senador César Borges (PR-BA) e o deputado federal Luciano Castro (PR-RR). A pressa do partido é perfeitamente justificável. A dificuldade do PR em apresentar um nome para substituir Alfredo Nascimento agrada à presidente Dilma Rousseff. Enquanto o partido não resolve os conflitos internos, a presidente mantém Paulo Sérgio Passos como interino na pasta, o que garante total controle sobre o ministério administrado pelo PR.
Em conversa com os líderes partidários, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reforçou a disposição do Planalto em dialogar com o PR, ressalvando que a decisão final é da presidente, o que aumenta a suspeita de que Paulo Sérgio Passos poderá ser efetivado. Na essência, é tudo o que o governo quer, já que mantém, em uma pasta complicada, atolada em denúncias de corrupção, um nome da estrita confiança do Planalto. Em 2008, o então presidente Lula manteve o técnico Nelson Hubner como interino por quase um ano, até que o PMDB indicou o senador Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia.

O principal cotado para assumir a pasta, o senador Blairo Maggi (PR-MT), rejeitou o convite. Quando foi sondado pelo secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, ele já havia dado a entender que seria difícil aceitar. Maggi tem vários negócios com o governo federal, como uma parceria com a Marinha Mercante para o transporte de soja na Amazônia e empréstimos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No ministério, Blairo teria que abrir mão do comando das empresas pelo período em que estivesse no governo e passaria a ser uma vidraça maior para os ataques da oposição.

O PR espera que Dilma opte por um quadro político, e não um técnico como Passos – para pacificar uma legenda que está em ebulição desde a eclosão da crise. Em relação a Borges e Castro, pesam prós e contras. O ex-senador baiano é visto como administrador competente, mas egresso de quadros ligados a Antonio Carlos Magalhães. Pior: ameaçou romper com o governo na campanha do ano passado por achar que não estava tendo apoio para ser candidato ao Senado.

Castro chegou a ser cogitado para o cargo no início do ano. O deputado já fala como um dos favoritos ao posto. Segundo ele, a missão de chefiar os Transportes vai exigir dedicação exclusiva e muito empenho para afastar o ministério da crise que o assombra. “Uma coisa é a pessoa virar ministro no início do governo. Outra, completamente diferente, é assumir no meio da crise. A missão de fechar esse buraco é muito delicada”, diz.

Para sobreviver aos ataques e à fiscalização constante dos órgãos de controle e da imprensa, Luciano Castro tem a receita, caso seja o indicado. “O jeito será analisar cuidadosamente cada decisão e cada obra. Isso tudo, claro, contando também com a imprensa para ajudar a saber onde tem rolo e onde não tem. Para qualquer um que assuma o posto, será difícil livrar a pasta da crise. Terá de ser um trabalho de dedicação intensa”, opina. (Colaborou Izabelle Torres)