A insatisfação dos deputados do PR com a efetivação de Paulo Sérgio Passos no Ministério dos Transportes não é compartilhada pelos senadores da legenda. Enquanto a bancada da Câmara não esconde o descontentamento com a condução do escândalo pelo Planalto, os senadores avaliam que o saldo final do episódio será positivo para o partido. "Recebemos um tratamento diferenciado", desabafou o vice-líder do governo, deputado Luciano Castro (PR-RR).
Além disso, Castro lembrou que o Planalto ouviu o PT, e até o PMDB, antes de escolher o sucessor de Palocci. No caso dos Transportes, o governo anunciou que se reuniria com lideranças do PR nesta semana para avaliar em conjunto um substituto para Nascimento. No entanto, a presidente Dilma Rousseff se antecipou e anunciou a efetivação de Pedro Passos no cargo. "A decisão sobre o preenchimento do cargo é dela, é uma escolha pessoal dela, nós respeitamos", declarou Castro, sem esconder o desapontamento.
No Senado, entretanto, a leitura do episódio pelos parlamentares da sigla é outra. Um senador do PR afirmou que "o saldo final será positivo ao partido". Para este senador, manter Nascimento no cargo por mais tempo agravaria o desgaste do ex-ministro, com reflexos diretos na imagem do partido. E na avaliação deste senador, Dilma agiu rápido para estancar o escândalo e preservar a imagem do governo, porque já aprendeu com as crises anteriores.
Em contrapartida, os senadores do PR avaliam que não tiveram prejuízos com o episódio. A bancada apoiou a indicação de Pedro Passos para suceder a Nascimento (que era indicado pelo PR do Senado). Além disso, garantiu a indicação dos novos titulares do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), no lugar de Luiz Antonio Pagot, e da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, no lugar de José Francisco das Neves, o Juquinha. Os nomes dos substitutos de Pagot e Juquinha serão indicados pelos senadores do PR.