Jornal Estado de Minas

Ex-vereador cassado deixa partido e vira presidente de outro

Daniel Camargos
Impedido de concorrer na última eleição para deputado, o ex-vereador Wellington Magalhães, que foi cassado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte em 2008, mostrou habilidade e agilidade incomuns para mudar de partido. No mesmo dia em que pediu a desfiliação do Partido da Mobilização Nacional (PMN), onde ocupava a presidência municipal da legenda, filiou-se ao Partido Trabalhista Nacional (PTN) e foi imediatamente alçado a presidente estadual da legenda. “Fui convidado”, respondeunessa quarta-feira Magalhães ao ser perguntado sobre os motivos de trocar de sigla.
A mudança de barco do ex-vereador criou uma grande polêmica no PTN. O problema é que o antigo presidente estadual da legenda, que foi rebaixado a primeiro vice-presidente, José do Carmo Vieira, anuncia que uma debandada geral dos colegas. “Cerca de 150 lideranças, entre vereadores e prováveis candidatos a prefeito, vão sair do partido”, garante Vieira. O PTN tem atualmente sete prefeitos e 54 vereadores no estado. Vieira afirma que sairá do partido, pois não concorda com as mudanças.

Além do convite da direção nacional do PTN, Magalhães acredita que o novo partido poderá levá-lo com mais facilidade para a Câmara Municipal. “O PMN já tem dois vereadores eleitos em Belo Horizonte. Considerando nós três, ficaria muito difícil montar uma chapa”, explica Magalhães. Os dois vereadores do PMN são Pastor Divino e Hugo Thomé.

Magalhães admite que mudou de legenda de olho em melhor resultado na eleição - Foto: Jackson Romanelli/EM/D.A PRESS - 18/2/08A presidente estadual do PMN, Thelma Zayra, não lamenta a saída de Magalhães. “Ele deve acreditar que pode desenvolver o projeto dele melhor no outro partido. Nossa preocupação essencial é com quem está na legenda”, comenta Zayra. A dirigente partidária diz que ainda será definido o novo presidente do PMN em Belo Horizonte e que a decisão deve ser tomada em conjunto com os dois vereadores do partido.

Além de mirar uma vaga na Câmara, Magalhães já pensa em se candidatar a deputado estadual no futuro e acredita que no novo partido terá mais facilidade para executar seus planos. Entretanto, ele terá que resolver as pendências que tem com a Justiça Eleitoral. Em 2008, ele foi condenado por abuso do poder econômico, por distribuir sopa a eleitores e produzir um jornal para fazer campanha, o que levou à cassação de seu mandato.

A pendência com a Justiça fez com que Magalhães fosse enquadrado na Lei da Ficha Limpa, porém ele garante ter uma liminar que permite sua candidatura. Tantos problemas fizeram com que ele perdesse também um cargo de vice-diretor geral na Administração de Estádio do Estado de Minas Gerais (Ademg), para o qual foi indicado no governo estadual e logo depois exonerado.


Memória

Acusado de compra de votos


O ex-vereador Wellington Magalhães foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) em 13 de abril de 2010 por compra de votos e abuso de poder econômico na campanha para a Câmara de Belo Horizonte em 2008. O ex-parlamentar foi acusado de distribuir sopa para a população carente do Bairro Aparecida (Noroeste da capital). Wellington produziu ainda uma publicação em que atrelava a sua eleição à realização de obras na região. O ex-vereador foi o segundo mais votado na cidade em 2008, com 14.321 votos.