A certeza de que está sob vigilância ilegal - ação da qual já desconfiava - veio na noite do último dia 5. Segundo Pagot, nesse dia ele foi procurado por uma pessoa, por telefone. Dizendo-se irmão de um admirador dele, essa pessoa lhe perguntou se tinha um telefone fixo pelo qual os dois pudessem conversar.
“Eu estava na casa de um amigo. Perguntei se poderia passar o número dele. Dez minutos depois uma pessoa me ligou, disse que trabalha num órgão de segurança do governo e que daria provas de que eu sempre fui grampeado”, contou Pagot.
“Do outro lado da linha, a pessoa perguntou se eu me lembrava de ter, por telefone, no ano passado, aconselhado um amigo de Mato Grosso a não se candidatar a deputado, sob o argumento de que ele seria massacrado na eleição. Eu me lembrava. Mas não fiquei convencido, porque o amigo poderia ter contado a conversa.”
Em seguida, segundo Pagot, a voz do outro lado do telefone começou a dar detalhes de uma conversa dele com a filha Vanessa. Pagot disse que nessa hora se convenceu de que a pessoa sabia mesmo do conteúdo de suas conversas. “Esse diálogo entre pessoas de uma mesma família não poderia ter vazado se eu não estivesse grampeado.”
A PF disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a polícia só realiza escutas mediante ordem judicial e sob controle do Ministério Público. Acrescentou que não comenta quem são os alvos desse tipo de monitoramento legal e desconhece que Pagot seja um deles. A Abin não se manifestou.