A presidente Dilma Rousseff deu ontem ao ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, carta branca para promover as nomeações no ministério, no Dnit e na Valec sem a necessidade de uma consulta prévia ao PR. A expectativa é de que novos nomes possam ser anunciados a partir da segunda-feira. A paciência da presidente com a legenda se esgotou com as denúncias que levaram ao afastamento do diretor interino do Dnit, José Henrique Sadok de Sá, e à demissão do servidor terceirizado da autarquia Frederico Augusto de Oliveira Dias. A assepsia no Dnit não deve se limitar a quem já foi afastado. A presidente teria ordenado que seja feita “uma limpa” na autarquia.
Depois de reunião com a presidente na tarde de ontem, o ministro indicou que novas mudanças estão por vir. “Se dentro desses próximos dias houver a necessidade de fazer novos ajustes, afastar alguém, por razões objetivas de natureza moral e ética, vamos ter que tomar a decisão cabível”, afirmou.
O PT rifou o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Caron, afilhado político do deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Segundo relato de integrantes do PT, o próprio Pimenta, que recebeu de Caron doação de R$ 5 mil na eleição de 2006, não pretende batalhar pela permanência do pupilo. “O Caron achou que sairia maior do episódio, mas também está sendo abatido”, afirmou um petista. “Dilma tem toda a solidariedade do partido para fazer as mudanças que quiser”, sustentou.
Caron é responsável por aprovar aditivos de contratos. É justamente o superfaturamento de obras do Dnit e da Valec a origem das irregularidades nos Transportes e das preocupações da presidente Dilma Rousseff. O petista chegou a ser citado na Operação Castelo de Areia por supostamente ter recebido pagamento de propinas de empreiteiras. Ele nega qualquer recebimento de favores. Parte das provas da operação comandada pela Polícia Federal foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça.
Toalha
A sexta-feira sepultou as expectativas do PR de ter alguma autonomia sobre o setor de transportes federal. Também corroeu as esperanças de quem defendia o retorno de Luiz Antônio Pagot para o cargo de diretor-geral do Dnit. O próprio Pagot, em conversa com aliados próximos, já admitia que a presidente estava irredutível e que dificilmente conseguiria permanecer no cargo após o turbilhão que alterou a estabilidade política no Ministério dos Transportes. Para evitar permanecer no fogo cruzado político, Pagot estendeu as férias até 4 de agosto. Inicialmente, o pedido era para retornar ao trabalho em 21 de julho. Com o acirramento da crise, solicitou mais 10 dias para completar um mês longe do batente. A sucessão na Valec permanece aberta.