Se os motoristas que passam pelas rodovias mineiras usarem o Plano de Transporte e Logística da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) para traçar seus trajetos, escolhendo apenas as vias seguras e sem necessidades de reparos apontadas pelo estudo, ficarão com poucas opções para chegar ao destino. No relatório entregue no início do ano para o governo federal, o órgão apresenta os projetos considerados fundamentais para o país. Entre as grandes obras, como a duplicação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, até as obras menores de recapeamento das pistas, são mais de 60 propostas com as licitações suspensas ou que permanecem fora dos planos para este ano.
A maioria das obras propostas ainda não teve licitações abertas em 2011 e outras que já foram iniciadas estão paradas por causa da suspensão dos processos licitatórios determinado pelo ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento. A suspensão vale até o início de agosto, quando acaba o prazo de 30 dias definido pelo ministério. Para resolver os problemas de infraestrutura rodoviária em Minas, seriam necessários investimentos de R$ 29,2 bilhões – valor que supera o que está programado para ser investido em todo o país durante o ano –, a construção de 1.720 quilômetros em novos trechos e a duplicação de 2.715 quilômetros (veja quadro).
Além das rodovias em más condições e novos trechos que aguardam a liberação de verbas para sair do papel, a falta de aeroportos e as estruturas limitadas dos setores hidroviários e ferroviários também são destacadas no relatório sobre a situação de Minas Gerais. Segundo a CNT, sete aeroportos precisariam ser ampliados, com investimentos de R$ 2 bilhões, e outros quatro terão de passar por uma readequação nos terminais de passageiros para não ficar defasados nos próximos anos. Já nas ferrovias, a entidade propõe a construção de 1,4 mil quilômetros de novas linhas e a revitalização de outros 553 quilômetros nos trilhos, e, no setor hidroviário, são propostas medidas para aprofundar a hidrovia que atende a bacia do Rio São Francisco, além de obras na represa de Três Marias.
No país
Para o Brasil, são 748 projetos de transportes citados no estudo anual, o que exigiria um investimento superior a R$ 400 bilhões em infraestrutura. O orçamento do Ministério dos Transportes para este ano é de R$ 17,1 bilhões, longe do considerado necessário pela CNT. Até este mês, foram investidos cerca de R$ 6,1 bilhões pela pasta, o que representa 35% do total dos repasses para a área. O relatório destaca que esses investimentos poderiam potencializar o desempenho na economia brasileira e acelerar o ritmo de crescimento do país. As deficiências no transporte rodoviário são apontadas como os principais entraves para avanços na eficiência econômica do país, já que as condições precárias elevam os riscos de acidentes e perdas mecânicas da frota.