Brasília – Depois de mais de duas semanas de paralisação das licitações de obras a cargo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em meio a uma série de denúncias de irregularidades na autarquia, a presidente Dilma Rousseff (PT) começa a discutir a retomada dos projetos afetados pela crise. Nos próximos dias ela se encontra com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos (PR), para definir quais processos vão ser liberados e em que ordem. As discussões serão acompanhadas de perto pelos gestores mineiros, uma vez que o estado foi prejudicado pela suspensão das licitações. Na lista das projetos congelados estão as três principais obras viárias prometidas para Minas Gerais: duplicação da BR-381, revitalização do Anel Rodoviário e melhorias na BR-040.
Editais parados
Além das três principais obras, outros 25 editais programados para o estado foram adiados com o ofício 1.246, enviado pelo ex-ministro Alfredo Nascimento, em 5 deste mês, um dia antes de ele deixar o cargo. O ministro pediu demissão no dia 6, depois de reportagens apontarem irregularidades e cobrança de propina no Dnit. Até essa quarta-feira, 16 funcionários foram exonerados ou afastados do ministério e órgãos ligados a ele em função da crise.
A medida determinou a suspensão da licitação de projetos e de obras e serviços de engenharia em curso sob a responsabilidade do Dnit) e da Valec, estatal do setor ferroviário. A suspensão está prevista para um prazo de 30 dias. A decisão congelou R$2,69 bilhões em obras e serviços rodoviários previstos para o estado.
A previsão era de que a duplicação da BR-381, no trecho entre Belo Horizonte e São Gonçalo do Rio Abaixo, saísse do papel ainda neste ano. O projeto é um dos mais cobrados pelo população. No início de julho, o Ministério das Cidades já havia confirmado a vinda da presidente a Minas Gerais para anunciar o edital para as obras na via, conhecida como Rodovia da Morte. A revitalização do Anel Rodoviário da capital também foi considerada essencial para a Copa 2014, mas se arrasta desde o ano passado, quando auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou suspeitas de irregularidades no edital.
Para o senador mineiro Clésio Andrade (PR), a retomada dos processos de licitação e avanços no andamento das obras só será possível quando a crise estiver resolvida e houver um clima político mais tranquilo para decidir as prioridades. O senador, do partido que comanda o Ministério dos Transportes desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva, disse também que continua com boas expectativas em relação às principais obras para o estado, já que foram consideradas prioridades em compromissos assumidos por Dilma.