Dilma já exonerou 15 pessoas em 19 dias de crise e não há sinais de que a degola vai parar. Para representantes do setor privado, os sinais emitidos pelo Planalto são positivos. “O setor privado apoia a presidente e ela tem demonstrado que não contemporiza com esse tipo de irregularidade”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. Mas ele lembra que o governo precisa dar sinais claros do que pretende com essas mudanças.
Contemporização
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), não vê diferenças consistentes no estilo da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Ele reconhece que a atual mandatária é mais técnica e gerencial que política —o que difere de Lula — mas não acha que isso signifique mais ou menos contemporização com a corrupção. “Lula também demitiu companheiros quando se comprovaram irregularidades”, disse. Vaccarezza também poupou o tucano de críticas. “Não creio que FHC tenha sido conveniente com desmandos. Todos enfrentam problemas éticos”, completou.
Para o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), o Ministério dos Transportes é uma pasta extremamente difícil de ser administrada, pois tem orçamento gigantesco e realiza obras de difícil fiscalização. Mas não acha que isso coloque a presidente Dilma em uma situação cômoda, de alguém disposta a extinguir a corrupção no setor.
O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), reconhece que as medidas saneadoras são salutares, mas não acredita que o PR seja a “Geni da Esplanada”. Para ele, o escândalo de corrupção é fruto do loteamento político da máquina pública federal, iniciado, segundo ele, no mandato Lula e perpetuado no governo Dilma. Sobre as suspeitas de desvio na época da gestão tucana, Guerra foi enfático. “Eventuais erros do passado, se tiverem ocorrido, não justificam os erros do presente.”