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Estado de Minas

Dnit herda as denúncias do antigo DNER


postado em 21/07/2011 06:00 / atualizado em 21/07/2011 08:25

Trecho da BR-040, uma das rodovias à espera de obras suspensas em função da crise no ministério (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press)
Trecho da BR-040, uma das rodovias à espera de obras suspensas em função da crise no ministério (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press)
A velocidade com que a presidente Dilma Rousseff imprime mudanças no Ministério dos Transportes chama a atenção da base, da oposição e do setor produtivo. Mas ninguém acredita que as denúncias de corrupção na pasta sejam recentes. O ministério enfrentou situações semelhantes de suspeitas de superfaturamento, desvios e mal uso de verbas públicas sem explicações plausíveis ao longo dos últimos 12 anos. Elas começaram a surgir no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), passaram pelos oitos anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até chegar às denúncias veiculadas no início de julho, que já provocaram a demissão de 15 servidores, incluindo o ministro Alfredo Nascimento.

Durante o governo FHC, estouraram os primeiros escândalos no setor, nos tempos em que o atual Dnit ainda se chamava Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Ao longo do segundo mandato de FHC, o Ministério dos Transportes, ocupado pelo ex-deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), foi envolvido no chamado “escândalo dos precatórios do DNER”. No início do governo Lula, novo escândalo com a pasta, dessa vez envolvendo o atual prefeito de Uberaba, Anderson Adauto, suspeito de criar aditivos fictícios para obras em rodovias.

Dilma já exonerou 15 pessoas em 19 dias de crise e não há sinais de que a degola vai parar. Para representantes do setor privado, os sinais emitidos pelo Planalto são positivos. “O setor privado apoia a presidente e ela tem demonstrado que não contemporiza com esse tipo de irregularidade”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. Mas ele lembra que o governo precisa dar sinais claros do que pretende com essas mudanças.

Contemporização

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), não vê diferenças consistentes no estilo da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Ele reconhece que a atual mandatária é mais técnica e gerencial que política —o que difere de Lula — mas não acha que isso signifique mais ou menos contemporização com a corrupção. “Lula também demitiu companheiros quando se comprovaram irregularidades”, disse. Vaccarezza também poupou o tucano de críticas. “Não creio que FHC tenha sido conveniente com desmandos. Todos enfrentam problemas éticos”, completou.

Para o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), o Ministério dos Transportes é uma pasta extremamente difícil de ser administrada, pois tem orçamento gigantesco e realiza obras de difícil fiscalização. Mas não acha que isso coloque a presidente Dilma em uma situação cômoda, de alguém disposta a extinguir a corrupção no setor.

O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), reconhece que as medidas saneadoras são salutares, mas não acredita que o PR seja a “Geni da Esplanada”. Para ele, o escândalo de corrupção é fruto do loteamento político da máquina pública federal, iniciado, segundo ele, no mandato Lula e perpetuado no governo Dilma. Sobre as suspeitas de desvio na época da gestão tucana, Guerra foi enfático. “Eventuais erros do passado, se tiverem ocorrido, não justificam os erros do presente.”


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