Cajar foi secretário de Estado no Mato Grosso até 2005, junto com o diretor-geral afastado do Dnit Luiz Antônio Pagot, no segundo mandato do governador Blairo Maggi, hoje senador pelo PR. Foi Pagot quem convidou Cajar para o cargo.
A chegada de Cajar ao Dnit obrigou o órgão de controle de contas a repassar os processos de Augusto Nardes para Raimundo Carreiro um ministro fiel aos senadores. Carreiro chegou ao TCU em 2007, com o apoio do atual presidente do Congresso, o senador José Sarney (PMDB-AP).
Irmão do senador Magno Malta (PR-ES), Maurício Pereira Malta foi guindado à posição de chefe da Assessoria Parlamentar do Dnit em 2007 - três anos depois do irmão ser eleito para o Senado.
Na terça-feira passada, Magno Malta, líder do PR, não participou da sabatina do diretor afastado do Dnit Luiz Antonio Pagot na Comissão de Infraestrutura. Mandou dizer que estava “com dores lombares” e que havia pedido ao senador Clésio Andrade (PR-MG), que é presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), para substituí-lo.
Maurício Malta cuida dos interesses dos parlamentares ligados às obras financiadas com dinheiro do Orçamento e presta contas do trabalho a uma bancada de 40 deputados e 6 senadores do PR. Em nota, ele negou que faça lobby em favor dos parlamentares do PR e disse que sua ação é institucional, “junto a todos os partidos”. A principal função, descreveu, é “dar vazão às demandas do Dnit junto aos parlamentares”. Acrescentou que “não tem envolvimento com a área técnica ou de licitações” da autarquia.
Constrangimento
Em 2008, quando Cajar Nardes foi para o Dnit, o TCU relatava um processo atrás do outro sobre obras de infraestrutura tocadas pela União - algumas delas faziam parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) -, aplicando multa e descrevendo irregularidades que iam de superfaturamento a descontrole na concessão de aditivos. Por trás da ação do tribunal estava justamente o relator de contas rodoviárias, Augusto Nardes.
Com a posse do irmão no Dnit, o ministro se declarou impedido de fiscalizar ou participar do julgamento de obras do órgão. Em resposta enviada à reportagem pela assessoria do Dnit, via e-mail, Cajar negou que tenha feito tráfico de influência ou causado constrangimento ao irmão ou ao TCU com sua ida para a autarquia. Ele disse que, como gerente de projetos, “não se envolve com execução de obras diretamente”.
Procurado em seu gabinete em Brasília e no Espírito Santo, o senador Magno Malta não retornou as ligações nem respondeu às mensagens de e-mails enviadas desde ontem. No gabinete, a informação é que ele está em viagem pelo interior do Espírito Santo e não pode ser localizado.
Independência
O ministro Augusto Nardes, presidente em exercício do TCU, afirmou que a nomeação do seu irmão, Carjar Nardes, como gerente de projetos do Dnit, não lhe trouxe constrangimento nem dano à imagem ou à ação fiscalizadora do órgão. Ele disse que se declarou impedido de atuar em todos os processos da autarquia relacionados com a atividade do irmão, tão logo ele tomou posse no cargo.
Explicou que o tribunal alterou a composição para o biênio 2009/2010, passando a relatoria das contas do Dnit para o colega Raimundo Carreiro, que foi secretário-geral da Mesa do Senado. Afirmou ainda que sempre atuou “com plena independência e autonomia”.