Brasília – A presidente Dilma Rousseff afirmou nessa sexta-feira, durante conversa com repórteres dos principais veículos de comunicação do país, que todos os cargos de comando do Ministério dos Transportes, do Dnit e da Valec serão substituídos. Dilma considerou a palavra "faxina" inadequada. Para ela, o que está ocorrendo é um processo de renovação completa para que a máquina pública ganhe eficiência. "O que não está funcionando precisa começar a funcionar. O que estamos fazendo é obrigação do governo. Temos que ter mais eficiência", disse Dilma.
O mais recente exonerado foi o diretor de Infraestrutura Rodoviária, Hideraldo Caron, um dos poucos integrantes da estrutura do Ministério dosTransportes filiado ao PT. Ele pediu demissão nessa sexta-feira. A crise na pasta teve início em 2 de julho, a partir da revelação de esquema de superfaturamento e cobrança de aditivos em obras rodoviárias e ferroviárias.
Indicações Em resposta a lideranças do partido, que reclamaram que a "legenda está sendo demonizada e que as demissões a conta-gotas são absurdas" , Dilma declarou que não se deve demonizar nem "a política nem os políticos". Ela alertou, contudo, que o bom funcionamento do governo é bom para a base aliada e um poder público eficiente é essencial para os partidos governistas. Dilma está disposta a desmontar o esquema de loteamento que a legenda impôs na pasta. Nas superintendências estaduais do Dnit, por exemplo — que já perdeu cinco diretores, além de Luiz Antonio Pagot que será exonerado em breve — das 27 unidades, 16 têm indicação política. Em Alagoas, no Amazonas, em Roraima, no Mato Grosso do Sul, no Pará, no Amapá, em São Paulo, em Sergipe, em Goiás e no Distrito Federal, os superintendentes são oficialmente filiados ao PR.
Nos estados do Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco e Tocantins, os chefes são servidores de carreira sem filiação à legenda, mas indicados por líderes do partido. A intenção da presidente, como adiantou o Estado de Minas, é promover as principais mudanças antes do início dos trabalhos parlamentares do segundo semestre, já que os principais cargos precisam ser sabatinados pelo Congresso. Ela não adiantou nomes durante a conversa nem qual é o perfil imaginado para os futuros ocupantes dos cargos.
Procedimentos A presidente ressaltou que a mudança será mais do que uma mera troca de nomes e padrinhos políticos. Ela quer alterar procedimentos. "O governo pretende ter um controle maior da execução financeira e orçamentária das obras de infraestrutura", declarou Dilma. Ela admitiu que pode haver "discrepâncias" no momento de elaboração dos projetos básicos das obras. Para corrigir essas distorções, o governo passou a exigir projetos executivos bem elaborados.
Pedido de demissão
Com a saída do petista Hideraldo Luiz Caron e com a iminência do pedido de demissão de Luiz Antonio Pagot, indicado pelo PR, o diretor de Infraestrutura Ferroviária do Dnit, Geraldo Lourenço de Souza Neto, ganhou força no órgão, por prazo limitado. Geraldo será substituído no cargo, a exemplo de todos os postos-chave do Ministério dos Transportes. Enquanto isso não ocorre, o diretor de Infraestrutura Ferroviária acumula mais uma diretoria: a de Administração e Finanças. Ao deixar o cargo, Caron afirmou ser exagerada a quantidade de demissões no ministério. Ele afirmou ainda que a presidente pediu corte nos gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que implicaria a exclusão de obras. A entrega da carta de demissão de Pagot, diretor-geral afastado do Dnit, estava prevista para a noite dessa sexta-feira.