O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva refutou o tom conciliatório proposto por empresários do setor imobiliário, em evento em sua homenagem na noite dessa segunda-feira, que destacaram a importância de seus antecessores desde o regime militar, e apresentou seu governo como diferenciado em relação aos demais. "O governo deu certo porque diferente de alguns sábios, que não se sentavam com empresários e trabalhadores e achavam que sabiam tudo, quando entrou alguém que não sabia, como eu, a gente descobriu o ovo de Colombo. A gente descobriu que o Brasil poderia ser uma grande nação", disse Lula, em jantar para mais de uma centena de empresários no Clube Monte Líbano, em São Paulo, promovido pela revista Vida Imobiliário, que premiou o ex-presidente como Personalidade do Ano.
Durante o evento, o empresário Romeu Chap Chap destacou que os brasileiros não conseguem "reconhecer os feitos heroicos de seus líderes" e citou o que ele considera pontos de destaque em cada um dos governos que antecederam o de Lula. No caso dos governos militares, ele destacou a criação do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e cujas administrações foram as que mais teriam investido em moradia até a gestão Lula. Chap Chap fez elogios também ao ex-presidente Fernando Collor de Mello por promover a abertura econômica do Brasil no início dos anos 90. Pediu também aplausos dos presentes para os ex-presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso por acabarem com "o fantasma da inflação".
"Sem isso, Lula não teria alcançado seus feitos. São feitos que precisam ser reconhecidos", disse Chap Chap. O empresário afirmou ainda que estava seguro de que Lula apoiou a presidente Dilma Rousseff na carta enviada a FHC em comemoração ao seu aniversários de 80 anos, porque suas obras estão "acima dos partidos". "Dai, o nosso discurso de conciliação nacional", propôs o empresário.
Em outro ponto do discurso, Chap Chap reconheceu que nem todos os presentes tinham votado em Lula ou em Dilma, mas admitiu que era preciso reconhecer o empenho do ex-presidente e da atual para fortalecer a construção civil. O empresário reconheceu a contribuição do ex-presidente e chegou a compará-lo ao ex-presidente francês Charles de Gaulle pelo empreendedorismo.
Lula
Em vinte minutos de discurso, Lula disse que repartiria a homenagem com Dilma, seus ex-ministros, trabalhadores da construção civil, mutuários e o Congresso Nacional que aprovou a legislação que facilitou o acesso ao crédito habitacional durante sua gestão. De acordo com Lula, ao assumir o governo, o país tinha um crescimento econômico limitado. "Há mais de 25 anos, o Brasil estava preparado para não crescer", afirmou. O ex-presidente citou os entraves burocráticos que impediam a expansão do crédito e disse que hoje a construção civil vive seu melhor momento dos últimos 25 anos. "As chances foram criadas para quem quer construir e quiser vender", disse Lula.
O ex-presidente ainda brincou com a plateia e disse que o problema do setor hoje é a falta de mão de obra qualificada. "A Marisa precisa de gente para arrumar o apartamento e não consegue", comentou.
Também foi premiado o empresário Eduardo Gorayeb, da Rodobens Negócios Imobiliários - uma das empresas com maior número de contratos no programa "Minha Casa, Minha Vida", lançado na gestão Lula. De acordo com Gorayeb, a empresa construiu 13.533 unidades do programa de 2007 a 2009 e, a partir de então, mais 23.000 unidades. "Estamos orgulhosos de termos uma participação expressiva no "Minha Casa, Minha Vida"", destacou o empresário.