Pitta morreu em 2009. Maluf não é réu no processo - nem poderia ser, uma vez que detém prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal Federal (STF) em matéria penal. Mas sua administração é citada na ação. Rachelle prestava assessoria financeira a Pitta. A Procuradoria da República sustenta que ela cuidava de contas no exterior, “além de abrir e fechar empresas e movimentar o dinheiro entre as empresas e contas do ex-prefeito”.
Pitta teria enviado valores para Nova York, Suíça e Guernsey (Comunidade Britânica), “por meio de sofisticados esquemas financeiros, recursos provenientes de corrupção na realização de obras públicas durante os quatro anos em que ficou à frente da Secretaria de Finanças (1993-1996) e durante o mandato de prefeito, notadamente recursos derivados da construção da Avenida Água Espraiada”. O juiz destacou que “há provas nos autos da prática desse delito (corrupção), em grau suficiente para um feito no qual se apura a lavagem de ativos”.
Defesa
“Essa decisão é uma triste injustiça”, declarou o criminalista Arnaldo Malheiros Filho, que defende Rachelle Abadi. “Essa senhora é uma bancária de longa carreira num conglomerado familiar, que conheceu Celso Pitta na condição de diretor financeiro de uma grande empresa nacional, a Eucatex. O valor de US$ 1 milhão não seria desproporcional na rescisão do contrato de um executivo desse porte.”
Segundo Malheiros, “até então, nem pela imprensa ela ouvira falar que Celso Pitta poderia estar desviando dinheiro da administração, o que aliás sequer foi provado”. O ex-prefeito Paulo Maluf sempre rechaçou ilegalidades na obra da Água Espraiada. Ontem, ele não foi localizado para falar sobre o caso.