Há quatro anos tramitam na Câmara dos Deputados e Senado duas propostas de emenda constitucional tratando da criação de um conselho para fiscalizar os tribunais de contas – elas se diferem basicamente em relação à composição dos integrantes. A Fenastc apoia a PEC 30, atualmente na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A matéria prevê que o conselho terá 17 representantes, sendo nove indicados pelos tribunais e oito representantes externos.
De autoria do hoje governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), a PEC tem como justificativa que “em um Estado democrático de direito não se concebe conjuntos orgânicos imunes a qualquer fiscalização. Todo e qualquer poder, órgão, instituição ou servidor público deve estar sujeito a alguma forma de controle, com vistas a garantir a mais ampla transparência no desempenho de atividades públicas e evitar que se cometam abusos ou atos de improbidade administrativa”.
Além de fiscalizar a atuação dos conselheiros e puni-los em caso de irregularidades, o grupo teria ainda a missão de elaborar normas que unifiquem a tramitação dos processos em todo o país. Um dos objetivos é tentar agilizar o trabalho de análise de contas e apuração de possíveis fraudes cometidas por governadores, prefeitos, secretários e diretores de órgãos públicos. A lentidão nos julgamentos é uma marca presente em todo o Brasil.
'Temerário'
Em Minas Gerais, uma emenda apresentada na Assembleia Legislativa a projeto de autoria do TCE, que cria um Termo de Ajustamento de Gestão, prevê o arquivamento de todos os processos que completarem cinco anos de tramitação – prazo contado a partir da data do fato. A medida levaria para a gaveta, de imediato, cerca de 30 mil dos 90 mil processos em tramitação no tribunal mineiro. Para o presidente da Fenastc, a regra é “temerária”.
“É como fazer de conta que o problema não existiu, arquivar um processo sem apuração e sem reponsabilização. É no mínimo um prejuízo para a sociedade”, argumentou Marcelo Pereira. A emenda foi apresentada pelo deputado estadual Antonio Julio (PMDB), para quem trata-se apenas de uma forma de pressionar o Tribunal de Contas a agilizar o seu trabalho e não penalizar os investigados, que ficam no banco dos réus por um longo período e muitas vezes são inocentados.