Brasília – O senador e ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) discursa nesta terça-feira, no Senado, para dar sua versão sobre as irregularidades cometidas na pasta que levaram à demissão dele e de outras 20 pessoas. O objetivo é fazer uma defesa do PR, tentar limpar a imagem da legenda e frisar que seu partido merece o respeito do governo. Nascimento pretende enfatizar que, ao contrário das denúncias publicadas pela imprensa nas últimas semanas, o PR não montou um balcão de negócios para desviar dinheiro público a fim de engordar os próprios cofres. Ele ainda vai dizer que não há prática criminosa nos aditivos de contratos e que as obras em rodovias e na Ferrovia Norte-Sul eram avaliados periodicamente por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Na véspera do discurso, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reuniu-se com integrantes do PR, entre eles o líder da legenda na Câmara, Lincoln Portela (MG), para saber o tom do pronunciamento de Nascimento e reafirmar que a presidente Dilma vê na legenda uma forte aliada no Congresso.
O ministro pediu demissão em meio à turbulência que atingiu a pasta, no início do mês passado. Reportagem da revista Veja mostrou que empresários e consultorias de engenharia pagavam “comissão” ao PR de até 5% sobre o valor das obras do governo federal. O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), secretário-geral da legenda, seria responsável por filtrar as empresas que poderiam assinar contratos com o Ministério dos Transportes.
Entre as irregularidades detectadas, algumas se destacaram pelo elevado valor, como o supefaturamento de R$ 4,5 bilhões no orçamento de projetos em ferrovias tocados pela estatal Valec Engenharia, o que irritou a presidente Dilma Rousseff e culminou com a troca de comando da pasta.