Além de valores não informados no site do Dnit, contratos em andamento devem aumentar ainda mais o montante gasto com os aditivos. O levantamento do EM se baseou em contratos já concluídos, entre 2007 e 2011. Entre os 866, são comuns acréscimos contratuais de elasticidade de prazos. Apesar de não serem informados valores, a prorrogação da obra implica reajuste automático, com base em variações inflacionárias.
Os 866 contratos analisados somam R$ 3,635 bilhões sem os aditivos, ou seja, somando os valores iniciais. Com os acréscimos, sobem para R$ 4,568 bilhões. A diferença de R$ 933 milhões corresponde a um aumento de 25,67%. Os aditivos estão previstos na Lei das Licitações (8.666/1993). O teto é de 25% para construções e de 50% para reformas. Entretanto, em 2009, o TCU emitiu um parecer com explicação de situações que permitem escapar dessa regra, tentando limitar o uso de aditivos. Para o secretário de Fiscalização de Obras do TCU, André Mendes, o excesso de aditivos significa que os contratos não são bem elaborados. “Ver um projeto benfeito e completo é exceção. Não é regra”, afirma.
Limites Mendes explica que muitos contratos são reajustados no limite da lei. Um exemplo é a obra de reestruturação do acesso ao Porto de Cachoeira do Sul na BR-153, no Rio Grande do Sul. A empresa Conpasul Construção e Serviços Ltda. venceu a licitação com o valor de R$ 5.239.155,31 para fazer a obra, com previsão de conclusão do contrato em 13 de dezembro do ano passado. Com o aditivo, o valor subiu para R$ 6.548.622,11, que representa 24,99%.
Outro exemplo é o contrato para recuperação de um ponto crítico na BR-459, em São Paulo, próximo da divisa com Minas Gerais. O contrato foi vencido pela Geosondas S.A com o valor de R$ 7.783.602,98. Com o aditivo, o valor subiu para R$ 9.715.376,44, um acréscimo de 24,82% A concorrência teve outras seis empresas participantes, sendo que a segunda, terceira e quarta colocadas fizeram propostas inferiores ao valor com o aditivo. São elas: Wyde Engenharia e Empreiteiro de Obras Ltda (R$ 9.315.566,31), Delta Construções S/A (R$ 9.496.510,58), e EPT Engenharia e Pesquisas Tecnológicas (R$ 9.623.291,23).
Em alguns casos, a injeção de aditivos chega a dobrar o valor inicial da obra. Um exemplo pode ser visto na BR-040, no trecho entre Conselheiro Lafaiete, na Região Central do Estado, e Barreira do Triunfo, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. A empresa Egesa Engenharia S/A venceu a licitação e se comprometeu a executar “serviços de manutenção rodoviária” em um trecho de 144 quilômetros por R$ 4.869.172,81. Mas o prazo para término da obra foi prorrogado e a empreitada sairá mais cara: passará a R$ 9.706.983,58, um aumento de 99,36%. Questionado sobre o volume de aditivos nos contratos, o Dnit não deu retorno.