Jornal Estado de Minas

Denúncias derrubam mais um na Conab

Josie Jerônimo
Brasília – O procurador-geral da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rômulo Gonçalves, será afastado. Em seu lugar assumirá Rui Magalhães Piscitelli, procurador federal da Advocacia-Geral da União (AGU). É o segundo a cair, depois do diretor financeiro da estatal, Oscar Jucá Neto. A escolha de Piscitelli foi acertada entre a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e o ministro da AGU, Luís Inácio Adams. Piscitelli esteve ontem à tarde no Ministério da Agricultura, onde reuniu-se com Wagner Rossi para acertar os últimos detalhes da nomeação.
O cargo de procurador é considerado um dos mais estratégicos dentro da Conab porque a empresa tem contenciosos de mais de décadas, quando ainda era a Companhia Brasileira de Alimentação (Cobal), e distribuía alimentos pelo interior do país em grande caminhões. Dessa época a Conab herdou ações trabalhistas e indenizatórias. Caberá ainda ao novo procurador-geral da Conab comandar o processo de tentativa de anular o pagamento irregular de R$ 8 milhões a uma empresa de silos de Goiás. A autorização da transferência de um dinheiro destinado exclusivamente à compra de alimentos, há três semanas, foi dada por Oscar Jucá Neto, demitido logo depois pelo ministro Wagner Rossi.

Lobista Blindado por colegas de partido e aliados da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, reduziu as acusações de que um lobista despachava nas dependências do ministério a um “descuido” de triagem na entrada privativa. “As fotografias daquele senhor deram-me a oportunidade de verificar várias coisas que eu deveria ter feito melhor. Por exemplo, um sistema adequado de triagem para o acesso pela entrada privativa. Na verdade, nunca me preocupei com isso. Tenho uma equipe de pessoas maravilhosas que trabalham lá. Não eram voltadas para uma atitude de evitar a entrada de pessoas”, alegou.

A audiência pública da Comissão de Agricultura do Senado tinha o objetivo de cobrar explicações do ministro sobre denúncias contra a pasta — como a que detalhou a ação do lobista Júlio Fróes no Departamento de Licitação e as acusações do ex-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto sobre esquema de corrupção. O depoimento de Rossi se transformou em um festival de mea-culpa. O ministro da Agricultura atribuiu as denúncias feitas contra ele a revanchismo de pessoas impedidas de aplicar golpes na pasta. (Com agências)