O ministro chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, informou que em 60 dias conclui a auditoria iniciada nesta quinta-feira para investigar denúncias de corrupção no Ministério do Turismo e estimou que num prazo de seis a oito meses, os responsáveis por desvio de dinheiro público estarão demitidos. Mas, segundo ele, demissão é pouco e não elimina a sensação de impunidade. "Hoje no Brasil a pena máxima para agente público corrupto é a demissão, porque a cadeia para ele não existe, ele não vai", lamentou.
Ele deu a declaração após receber, em seu gabinete, uma comissão interpartidária de parlamentares que apoiam a "faxina" que o governo federal realiza em vários ministérios atingidos por denúncias de corrupção. A frente inclui deputados e senadores de partidos da base, como PT, PDT e PSB e independentes, como o PSOL. Hage agradeceu o apoio e aproveitou para pedir um reforço no orçamento da CGU para ampliar o quadro de auditores, que não realiza concursos há três anos.
Hage informou que, desde 2003, quando a CGU foi reestruturada, foram demitidos mais de 3 mil servidores em processos disciplinares que investigaram irregularidades, como corrupção, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. Entre os atingidos estão altos dirigentes públicos. Só da área de transportes foram 70 afastados. "Não punimos só os chamados peixes pequenos. Há (na lista) diretores e ex-diretores de órgãos federais como DNIT, Infraero, Correios, procuradores, auditores da receita e altos dirigentes em geral", resumiu.
No momento, segundo Hage, a CGU realiza dez comissões sindicâncias e processos administrativos em relação aos seis órgãos que foram alvo de denúncias da imprensa nos últimos dois meses. São eles: os Ministérios dos Transportes, Agricultura e Turismo e as estatais DNIT e Valec e Conab. O último a sofrer abertura de auditoria foi o Turismo. "Além de uma comissão de sindicância, designei uma equipe de auditoria que esteve no Ministério hoje de manhã e fez o recolhimento de 11 computadores para análise", explicou.