A deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) disse nesta sexta-feira, por meio de nota, que o seu sigilo bancário, fiscal e telefônico estão à disposição da sociedade. A parlamentar tomou esta decisão, depois que teve o seu nome envolvido no esquema de devio de recursos públicos do Ministério do Turismo.
Ao menos três das 36 pessoas presas por envolvimento com o esquema investigado pela Operação Voucher, deflagrada pela Polícia Federal (PF), na terça-feira (9), mencionaram a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) como beneficiária do esquema de desvio de recursos públicos destinados à ações de qualificação profissional no Amapá.
Autora da emenda parlamentar que destinou os R$ 4 milhões com que o Ministério do Turismo firmou o convênio com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) investigado pela PF e que motivou a Operação Voucher, a deputada Fátima Pelaes nega o envolvimento.
Um dos presos que envolveu o nome da parlamentar como beneficiária do esquema ao prestar depoimento à Polícia Federal, em Brasília, foi Errolflyn de Souza Paixão, dirigente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e vice-presidente do PT no Amapá.
Paixão é um dos fundadores da Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), empresa que, segundo as investigações preliminares, foi contratada pelo Ibrasi por R$ 250 mil para elaborar um diagnóstico dos profissionais de turismo no estado, serviço que, segundo as investigações, não foi executado, embora tenha recebido antecipadamente.
Paixão disse ainda ter estranhado o valor, considerado alto, já que, para ele, a cooperativa não tinha estrutura para assumir contratos de tal monta. Furtado, então, disse-lhe que parte do dinheiro seria devolvido à deputada.
Paixão declarou desconhecer a razão pela qual Fátima Pelaes indicou o Ibrasi para a execução do convênio com o ministério, mas sugeriu que a indicação da Conectur deve-se ao fato de a deputada e Furtado serem próximos.
Na nota, a deputada garante que Furtado não faz parte de seu grupo político. “Prova disso é sua esposa, Ley Furtado, foi candidata a deputada federal pelo PTC nas últimas eleições”, destaca a parlamentar, repudiando as acusações de outros dirigentes da Conectur ouvidos pela PF, e classificando como levianas as declarações de Paixão.
“Se é verdade que Wladimir lhe disse mesmo isso, porque Errolflyn [Paixão] não denunciou na época?. Se alguém fica sabendo de algo tão grave assim e não faz nada, no mínimo é conivente”, disse Fátima Pelaes. “Meu sigilo bancário, fiscal e telefônico estão à disposição”, completou a deputada.