O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nessa quinta-feira ao Estado de Minas que o partido vai repetir em 2012 a aliança fechada com o PSB em 2008 para disputa da Prefeitura da capital. “Não vejo motivos para que não seja assim”, disse Lula, na chegada a um hotel da cidade para encontro com vereadores, prefeitos e deputados da legenda para discutir as eleições municipais do ano que vem. Em 2008 a composição teve Marcio Lacerda (PSB) na cabeça de chapa e Roberto Carvalho (PT) na vice.
Na reunião, a portas fechadas, Lula afirmou ter como prioridade em 2012 as disputas nos estados de Minas Gerais e São Paulo. “A oposição pode espernear. Vou viajar mais que no meu último ano de mandato”, afirmou o ex-presidente, aos companheiros de partido.
A estratégia do ex-presidente é bastante clara. Minar oponentes. De Minas ou São Paulo sairá o adversário do PT na disputa pela Presidência da República em 2014. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) ou o ex-governador de São Paulo, o também tucano José Serra.
Mais uma vez, o ex-presidente usou uma metáfora do futebol para justificar a defesa de nova aliança com o PSB. “Em time que está ganhando não se mexe”, afirmou. Sobre alas do PT mineiro que não querem repetir a parceria com o atual aliado na prefeitura, e não abrem mão de ter um candidato próprio, Lula afirmou entender as críticas. “É natural que aconteça dessa maneira”, disse.
Antes do encontro, em almoço com o prefeito de Belo Horizonte, o vice, e a cúpula estadual do PT, PMDB e PSB, Lula, em tom menos diplomático, reclamou do comportamento de setores da legenda que não querem outra aliança com o PSB. O ex-presidente defendeu o que chamou de “alianças entre diferentes”. “Conheço muita gente que não gosta da união do PT com o PMDB e do PT com o PSB. Com o PC do B e o PDT não vêem problema, porque acham que somos pequenos. Ainda não perceberam que o PT é o maior partido do Brasil”, disse.
O principal argumento de alas do PT contra outra aliança com o PSB é a proximidade de Marcio Lacerda com o senador Aécio Neves, padrinho do prefeito, juntamente com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, nas eleições de 2008. A aliança entre o PT e o PSB, no entanto, está sendo tratada pelos comandos nacionais das legendas. As negociações para as eleições em Belo Horizonte envolvem inclusive acordos entre as duas legendas para fechamento de alianças em outras capitais.
Tempo e distância
Segundo Marcio Lacerda, se as eleições fossem daqui a três meses, PSB e PT estariam a “um passo” de nova aliança. Em relação ao posicionamento do ex-presidente sobre a união das duas legendas para disputa do comando da capital, o prefeito preferiu certo resguardo. “Até onde eu sei, Lula foi peça importante na composição entre os dois partidos em 2008. Pelo que sei. O ex-presidente tem simpatia pela repetição da aliança, mas é um processo partidário, e é preciso esperar para ver o que o PT organicamente vai decidir”.