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Estado de Minas

Em BH, Lula ameniza crise no governo atual

Ex-presidente Lula minimiza crise que atinge o governo Dilma Rousseff e chama de imbecil quem pretende antecipar o debate eleitoral de 2014 colocando-o como candidato ao Planalto


postado em 19/08/2011 06:00 / atualizado em 19/08/2011 08:42

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desdenhou nessa quinta-feira da crise vivida pela sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff (PT), que já teve de demitir quatro ministros desde o início de sua gestão em janeiro, e pediu aos aliados que saiam em defesa da petista. Em Belo Horizonte para uma série de encontros partidários, Lula pediu que os companheiros deem tranquilidade e trabalhem pela governabilidade. Garantiu que sua escolhida para o Palácio do Planalto vai surpreender.

“A gente não tem que se preocupar por que saiu um ministro, ou dois ministros. Meus caros, também tirei muita gente no primeiro ano. Tirei companheiros que eu não queria tirar, mas a vida é assim mesmo”, afirmou Lula a parlamentares, prefeitos e lideranças de partidos aliados. Lula disse que o maior legado de seu governo foi um presidente metalúrgico deixar a primeira presidente mulher que “vai surpreender muito pela qualidade do governo que vai fazer e o Brasil que vai deixar”.

Com a demissão do ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), o governo completou quatro baixas em três meses – antes saíram o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci (PT), o dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), e o da Defesa, Nelsom Jobim (PMDB). Os três primeiros por denúncias de corrupção e o último por críticas ao governo. A sangria gerou uma crise entre os aliados no Congresso Nacional, cujo primeiro reflexo concreto foi a saída do PR da base governista.

Lula pediu que os aliados ajudem na sustentabilidade do governo Dilma. “Temos a obrigação de ajudar a Dilma a fazer deste país a quinta economia do mundo”, apelou. Segundo ele, a governabilidade não será positiva apenas para a petista. “Quando um governo dá certo não é apenas para o governo, mas também para aqueles que foram seus aliados”, lembrou. O ex-presidente afirmou que Dilma está exercitando a democracia e elogiou a atitude dela de se reunir essa semana com partidos da base aliada para tentar apaziguar os ânimos diante da crise ministerial. “Temos de trabalhar para que ela tenha tranquilidade para governar este país”, disse.
 
Imbecilidade

No discurso aos aliados, Lula disse ser uma “imbecilidade” iniciar as discussões para a sucessão de 2014. “Se nem sentamos na mesa, nem afinamos a viola para 2012”, afirmando que seria “loucura” antecipar o debate. Mais tarde, repetiu: “Somente um imbecil poderia imaginar que quem acabou de deixar a presidência e elegeu sua sucessora estaria em campanha. Isso é impossível, ou é um imbecil ou é muita má-fé”.

Conforme o petista, só uma pessoa, a presidente Dilma, tem o direito legítimo de ser candidata a reeleição. A fala foi referência a uma declaração do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de que Lula seria o nome ideal para concorrer ao Palácio do Planalto em 2014.

No momento em que o governo mineiro enfrenta uma greve na educação por causa da discussão do piso salarial da categoria, Lula não perdeu a oportunidade de alfinetar o governador Antonio Anastasia (PSDB). “É uma pena que a gente tenha aprovado o piso dos professores há três anos e que tem governador neste país que ainda não paga. E acham que é muito um salário de pouco mais de R$ 1 mil para um professor que trabalha 40 horas por semana ou quatro horas por dia”, criticou. Em vez de descansar, Lula disse estar trabalhando mais agora, no seu instituto. Como todo ex-presidente, brincou, também terá um livro e este vai ser escrito por Fernando Morais, ouvindo pessoas para dizer como suas vidas mudaram na gestão do petista na Presidência.

 

 

Não foi bem assim

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se equivocou ao dizer que demitiu muitos ministros no primeiro ano de governo, em 2003. Ele esperou um ano depois da posse para fazer sua primeira reforma ministerial. O motivo principal foi acomodar o PMDB, recém -aliado que na campanha eleitoral havia composto chapa com o PSDB, indicando a candidata à vice-presidência, Rita Camata. O acordo foi acertado em março de 2003, mas só foi concretizado em janeiro de 2004, com a nomeação de dois peemedebistas para a Esplanada: Eunício Oliveira substituiu Miro Teixeira (PDT) no Ministério das Comunicações e Amir Lando foi para a Previdência, no lugar de Ricardo Berzoini (PT) , deslocado para o Trabalho, que antes era comandado por Jacques Wagner (remanejado para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). Lula aproveitou para trocar quem não estava dando certo e acabou demitindo seis ministros, no total. Cristovam Buarque (então no PT) foi demitido por telefone e substituído no Ministério da Educação por Tarso Genro (PT).

Alvo de críticas desde o início do mandato no Ministério de Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva foi alvejada por denúncias de uso da verba de viagem para um passeio particular à Argentina. A pasta foi extinta junto com a de José Graziano (PT), a de Segurança Alimentar, dando lugar ao novo ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sob o comando de Patrus Ananias (PT). Assim como Berzoini e Jacques Wagner, Graziano não foi demitido, virou assessor especial do presidente. No Ministério de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos (PSB) substituiu Roberto Amaral (PSB). E na pasta de Direitos da Mulher, Emília Fernandes (PT) foi substituída por Nilcéia Freire (PT). Aldo Rebelo (PcdoB) assumiu a coordenação política que era, até então, acumulada pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Na mudança, o PT perdeu uma pasta.

 


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