A cúpula do PMDB da Câmara dos Deputados está provando do veneno do fisiologismo. Parte da bancada do partido pressiona seus próprios caciques por não ter sido contemplada com cargos de segundo e terceiro escalão no governo. Com a demora na nomeação de apadrinhados, um grupo de deputados peemedebistas adotou o modus operandi tradicional no PMDB. Assim, ameaça apoiar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suspeitas de corrupção no governo, caso não seja atendida prontamente.
A insatisfação com o alto clero do PMDB na Câmara ganhou força nos últimos dias. O movimento é composto pela ala do partido que não apoiou a condução de Dilma Rousseff à Presidência da República. São 35 deputados, de um total de 79. Desses, 20 estão descontentes com o não atendimento de suas reivindicações, ou seja, a não nomeação de seus indicados.
As críticas recaem, sobretudo, sobre o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). “O clima é de insatisfação, não de revolta”, afirma o deputado Danilo Forte (CE), espécie de porta-voz dos lamuriosos. Antes dessa legislatura, Forte comandou, entre 2003 e 2007, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, criticou sua gestão, mas o peemedebista, hoje insatisfeito, foi defendido com veemência pela cúpula de seu partido.
A principal crítica ao líder é a falta de consulta à bancada sobre suas decisões. Alves não ouviria os correligionários e privilegiaria o deputado Eduardo Cunha (RJ) com as melhores relatorias. “Não é verdade”, afirma o cacique. Segundo Alves, entre 27 encaminhamentos feitos neste ano para a função, Cunha ficou com apenas uma, a do Código Civil. “Ele pediu isso em fevereiro”, diz. Os peemedebistas insatisfeitos também o acusam de dar prioridade a seu projeto pessoal: ser eleito presidente da Câmara em 2012.