A ex-senadora cobrou atitude para condenar os atos de corrupção no Brasil das "pessoas de bem" de todos os partidos, dos empresários, dos jovens e dos formadores de opinião. "Se a sociedade assumir a corrupção como um problema dela, e não só da presidente, haverá de criar o constrangimento político e ético para que as instituições públicas sejam devolvidas ao interesse público, e não ao privado", afirmou. Ela, contudo, não detalhou como essa manifestação poderia ocorrer no Brasil. Segundo a ex-senadora, não há atualmente um líder que conclame a sociedade para essa causa. "Nós estamos diante do desafio da autoconvocação", afirmou.
Indagada sobre se a população brasileira tem apoiado a presidente nas mudanças ministeriais, tendo em vista a queda de sua popularidade na última pesquisa CNI/Ibope, de julho, Marina disse que as ações da presidente não podem ser medidas dessa maneira. De acordo com ela, desde a CPI dos Anões do Orçamento, em 1993, o Brasil vive com constantes denúncias, investigações e prisões no setor público. A ex-senadora ressaltou que está na hora da sociedade revogar o mandato daqueles que usam os espaços públicos como privados, para interesses particulares.
Interesse
Ela salientou ainda que os partidos políticos estão hoje desvinculados do interesse público. "Quem disse que, em um governo de coalizão, um determinado partido é o dono de tal pedaço do Estado?", questionou. A ex-senadora ministrou hoje palestra sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será promovida no Rio de Janeiro em 2012. De acordo com ela, o Brasil deve aproveitar a oportunidade do encontro para "não deixar que tenhamos retrocessos nos avanços já conquistados" na área do meio ambiente.
Marina Silva citou como exemplo de retrocesso a aprovação do Código Florestal, votada no início deste ano pela Câmara. "Se o Código Florestal for aprovado (no Senado), vamos perder o controle do desmatamento", afirmou, ao citar que o desmatamento aumentou 450% no Mato Grosso com a expectativa de aprovação da proposta.
"E chegar na Rio%2b20 com o Código Florestal, que faz da preservação uma exceção, em vez de regra, é para nem termos coragem de aparecer na frente de outros países", criticou. A ex-senadora disse ainda que a Conferência das Nações Unidas é uma oportunidade para o Brasil criar bases políticas e reestruturar a sua matriz energética. Segundo ela, o Brasil é o país que reúne as melhores condições para adotar uma base energética limpa.