Para tentar impedir a saída do PMDB do bloco de oposição na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o líder da minoria, Antônio Júlio, conseguiu adiar pela segunda vez a decisão de seu partido, mas não deve garantir a mudança de resultado. Extraoficialmente, o bloco Minas Sem Censura já é dado como morto, uma vez que apenas Júlio e Sávio Souza Cruz defendem a permanência dos peemedebistas no grupo, sendo seis colegas de legenda contrários à continuidade. Sem o PMDB, a oposição não tem deputados suficientes para formar um bloco – pelo regimento, são necessários no mínimo 16 parlamentares. A decisão deve ser anunciada amanhã.
Todos os esforços, no entanto, devem ser em vão. A maioria da bancada já teria decidido atuar de forma independente. Segundo Ivair Nogueira (PMDB), a gota d’água para a saída do partido do bloco foi a falta de diálogo com os petistas, em relação às eleições para Prefeitura de Belo Horizonte. “O PT decidiu apoiar o atual prefeito e não nos consultou. O que começa mal, tem tudo para terminar mal”, reclama, acrescentando que a legenda em Minas está se sentindo excluída do governo de Dilma. “Não só o PMDB. A presidente ignorou os mineiros até agora. Fernando Pimentel é o único, e é da cota pessoal de Dilma.”
Já Antônio Júlio diz que houve pressão do governo de Minas pela desestruturação do bloco oposicionista. “O vice-governador (Alberto Pinto Coelho) interferiu diretamente. O governo pode não querer, mas, mesmo se o bloco for extinto, continuará havendo oposição”, alega. Ele diz que continuará conversando com os colegas sobre a permanência no bloco. Antônio Andrade afirma que não vai interferir na decisão da bancada por ser assunto do Legislativo, mas pondera que institucionalmente o partido continua sendo oposição ao governador Antonio Anastasia.
Líder do Minas
Sem Censura, o deputado estadual Rogério Correia (PT) diz que o bloco continuará a existir informalmente, reunindo os petistas e o PCdoB – os dois integrantes do PRB oficializaram a saída na semana passada. Ele afirma ainda que negociações de cargos no governo federal não estão em jogo. “Não fazemos o jogo do ‘toma lá, dá cá’, como fez o governo de Minas, que tem oferecido cargos aos peemedebistas”, diz.
A Mesa da Assembleia decidiu nessa terça-feira abrir prazo de 90 dias para recolher sugestões de mudanças no regimento interno. Segundo o presidente da Casa, Dinis Pinheiro (PSDB), as alterações serão para dinamizar o trabalho dos deputados. Para Rogério Correia, a proposta é mais uma forma de pressionar a oposição. “Querem pôr obstáculos à capacidade da oposição de obstruir a pauta de votações.”