A Abetar, que já recebeu R$ 4,5 milhões do governo federal em outros contratos, deveria oferecer cursos de qualificação a distância para funcionários de empresas aéreas e dos aeroportos regionais. As investigações da Procuradoria da República em São Paulo e da Polícia Federal revelam indícios de má aplicação dos recursos, superfaturamento, favorecimento de diretores da entidade e uso de empresas fantasmas. A análise do material didático mostra ainda a utilização de trechos copiados da internet e de cursos de capacitação de grandes empresas brasileiras. O conteúdo dos cursos incluía aulas de ética, cidadania e comportamento.
A investigação foi aberta no ano passado pela Procuradoria da República em São José dos Campos (SP). Segundo o MPF, a diretoria da Abetar contratava – sem licitação – empresas ligadas ao presidente da entidade, Apóstole Lazaro Chryssafidis, o Lack, para executar serviços previstos no convênio. Uma delas, a CH2 Comunicação, está registrada no apartamento de Lack e em nome do sobrinho dele. Em depoimento, Andreas Lazaro confirmou que a empresa, fundada em 2006, tinha sido criada exclusivamente para atender demandas do tio.
A segunda empresa – Tovi Treinamemento – é fantasma, de acordo com o MPF. Não tem sede nem funcionários. Ela estava em nome de uma antiga assistente administrativa da Abetar responsável pela produção do conteúdo dos cursos. A outra sócia é a filha de Helen Maria de Lima e Silva, contadora e amiga de Lack, que aparece em diversos contratos da entidade com o Ministério do Turismo.
A terceira empresa contratada pela associação é o Instituto Nova Cidadania, que deveria funcionar em uma sala ao lado da Abetar, mas nunca abriu as portas. A diretora da entidade é a própria Hele. A presidente é outra funcionária da Abetar. A quarta empresa investigada é a ARC Consultoria Empresarial, da ex-diretora do ministério Anya Ribeiro de Carvalho, funcionária comissionada.
Em nota, a Abetar negou qualquer irregularidade na destinação do dinheiro público e afirmou que “as contratações foram estabelecidas diante de rigorosos critérios de seleção e procuraram os melhores profissionais de mercado para o desenvolvimento das atividades.” A entidade afirma que as prestações de contas foram aprovadas pelos órgãos competentes . O Ministério do Turismo informou que o ministro Pedro Novais prorrogou o convênio em decorrência de atrasos no repasses dos recursos. A pasta informou ainda que encaminhou processo do convênio com a Abetar para a Controladoria Geral da União (CGU) em 12 de agosto, três dias depois da Operação Voucher.
Só na reforma
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), informou nessa terça-feira aos líderes aliados que a presidente Dilma Rousseff não quer trocar mais nenhum ministro até a reforma ministerial que deve acontecer para as eleições municipais do ano que vem. A ideia é que mesmo alguns ministros que não pretendem concorrer nas eleições sejam substituídos. Nessa terça-feira à noite, para tentar uma reaproximação de parte da bancada do partido com o Palácio do Planalto, deputados peemedebistas organizaram um jantar com a presença da presidente, do vice, Michel Temer, além de ministros das principais pastas. Todos os titulares da Esplanada filiados ao PMDB foram convidados, incluindo Pedro Novais, do Turismo. “O jantar é uma confraternização. Uma retribuição pelo reencontro de segunda-feira com a base, o que demonstra boa vontade dela com os partidos aliados”, explicou Henrique Eduardo Alves (RN), líder peemedebista na Câmara, na entrada do evento. Cerca de 90 pessoas eram esperadas para o jantar.