Jornal Estado de Minas

Belo Horizonte

MP questiona licenciamento para construção de hotel na Rua Musas

Promotoria do Meio Ambiente afirma que licença ambiental deve ser concedida pelo governo estadual

Alexandre Vaz

  Trecho da Rua Musas vendido pela PBH para construção de um hotel cinco estrelas - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 02/06/2011

A Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público de Minas Gerais questiona a competência do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comam) de Belo Horizonte para conceder licenciamento para a construção de um hotel na Rua Musas, no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul da capital. O empreendimento vem sendo questionado na Justiça pelas famílias que vivem na região, uma vez que a prefeitura pretende vender um trecho de 1,7 mil metros quadrados da rua para que a obra seja levada adiante. Apesar do licenciamento não ter saído ainda, a PBH já abriu processo licitatório para a venda do trecho. O Ministério Público informou que vai solicitar que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente assuma o processo de licenciamento. Na argumentação dos promomotores, o governo estadual deveria decidir sobre o caso, e não o município.

 

Em audiência pública realizada na noite dessa quarta-feira, moradores da Rua Musas questionaram a competência do Comam para conceder o licenciamento, uma vez que, na opinião deles, o impacto ambiental vai além dos arredores da construção. "Nesse caso, o licenciamento é de competência do Estado, e não do município. Além disso, é muito estranho que a prefeitura já tenha aberto a licitação para venda do terreno, já que a licença ambiental nem tenha saído ainda", expica o professor da UFMG Jacyntho Lins Brandão, morador do local há 20 anos.

Durante a audiência, representantes da empresa Mais Invest Empreendimentos e Incorporações S/A, responsável projeto do hotel cinco estrelas, apresentou aos presentes detalhes da construção, além de estudos de impacto ambiental. Os moradores questionaram o relatório, apontado supostas falhas. "Foi um estudo muito superficial", criticou Jacyntho Brandão.

Segundo o gerente executivo do Comam, Pedro Franzoni, após ouvir os argumentos dos envolvidos, o conselho deve levar cerca de um mês para emitir um parecer sobre a obra. Ele explica que, mesmo que a empresa venha a vencer a licitação para a compra do trecho da Rua Musas, ela não vai poder levar o empreendimentoa adiante se não conseguir o licenciamento. "Nesse caso, o emprendedor está arriscando ao participar da licitação sem saber se terá autorização para construir", afirmou.

 
Entenda o caso

 
Em maio deste ano, a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou o Projeto de Lei 1.625/2011, que autoriza a administração municipal a alienar a área 1,7 mil metros quadrados da via. O terreno seria usado na construção de um hotel cinco estrelas na região, com capacidade para 300 quartos.