Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou na quarta-feira passada que o Ministério do Esporte assinou o acordo com o sindicato dos cartolas no dia 31 de dezembro do ano passado num prazo célere. O dinheiro, segundo o Portal da Transparência do governo, foi todo liberado no dia 11 de abril. E até hoje nada andou.
Sem licitação
Para fechar o contrato com a entidade, o Ministério do Esporte optou pela modalidade de "convênio", que é assinado sem licitação. Por esse modelo, o governo repassa os recursos a uma entidade, responsável então pela subcontratação de prestadores de serviço, seguindo práticas semelhantes às adotadas pelos ministérios da Cultura e do Turismo, alvo de suspeitas de desvios de recursos e não execução das metas. "O convênio não é para escapar da licitação. Um convênio é um instrumento previsto na legislação brasileira", disse hoje o secretário de Futebol, Alcino Reis.
Principal articulador do acordo com os cartolas, ele saiu em defesa da decisão de escolher o Sindafebol para levar R$ 6,2 milhões dos cofres públicos. Segundo Reis, cabe à entidade de dirigentes decidir quando vai começar a executar o contrato de cadastramento das torcidas. "Nós consideramos que o convênio cumpriu todas suas obrigações legais para devida celebração. Esse convênio está devidamente colocado para se iniciar no momento que o sindicato julgar mais adequado", disse. "Nós consideramos que para ter sucesso no cadastramento era necessário envolver esse público. Portanto nada mais correto do que fazer o convênio com seu sindicato representativo", afirmou.
Alcino e Contursi se apegam a um projeto-piloto em Curitiba para justificar a demora na execução do contrato. "Após a conclusão desse piloto, a gente pode iniciar a execução desse convênio", disse Alcino. Esse projeto, porém, não usa recursos do contrato, e vendo sendo acompanhado apenas por "representantes" do sindicato dos cartolas. De acordo com os documentos do ministério, o cadastramento das torcidas "traz em seu contexto que é preciso aproveitar a mobilização nacional para mudar o ambiente social, a cultura e o comportamento que existe em torno do futebol como uma ação de preparação do Brasil para a Copa das Confederações 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014".