Brasília - O ex-ministro dos Transportes e presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), considerou que o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), que aponta irregularidades em obras da pasta, não responsabilizou nenhum integrante da equipe chefiada por ele. Em nota, assinada pelo partido, a avaliação é que “as conclusões nesta quinta-feira apresentadas não esclarecem o suposto envolvimento de integrantes da equipe que [Nascimento] liderou em sua última gestão na alegada prática de irregularidades no âmbito do Ministério dos Transportes”.
Na nota, o PR alega ainda que não foram apresentadas provas sobre as denúncias veiculadas na imprensa e diz que Nascimento "mantém sua determinação de ver as suspeitas esclarecidas de modo cabal".
A CGU auditou 17 processos de licitação e contratos de órgãos vinculados ao ministério e constatou 66 irregularidades, que apontam prejuízo potencial de R$ 682 milhões, em um total de R$ 5,1 bilhões fiscalizados. A auditoria especial, solicitada pela presidenta Dilma Rousseff, encontrou ainda falhas em projetos que, na opinião da CGU, propiciam o superfaturamento das obras.
No Senado, a oposição aproveitou a divulgação do relatório da CGU para insistir na necessidade de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as denúncias de corrupção nos Transportes. O líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), disse que apenas algumas obras foram auditadas e que o rombo pode ser muito maior. “Por ser um órgão de governo, já é uma contribuição inesperada. Agora, cabe a nós, numa CPI, continuar as investigações para encontrar os culpados”.
Já o senador Jorge Viana (PT-AC) considera que a CPI será apenas “palanque político que paralisa o país” e que o relatório da CGU é uma demonstração de que o governo está combatendo a corrupção de maneira eficiente. Segundo ele, os problemas técnicos na formulação dos projetos de engenharia encontrados no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) são provocados por falhas na Lei de Licitações, que considerou obsoleta. “Uma maneira mais efetiva de o Senado combater a corrupção, em vez de criar palanque, é fazer uma lei moderna de licitações”, sugeriu.
Em junho, denúncias de corrupção no Dnit e na empresa estatal que cuida das ferrovias, a Valec, provocaram a queda da cúpula do setor de transportes do governo. Mais de 20 pessoas foram afastadas e o ministro Alfredo Nascimento e o diretor do Dnit Luiz Antônio Pagot foram demitidos. O episódio levou ao rompimento do PR com o governo da presidenta Dilma Rousseff e à saída do partido da base de sustentação do governo no Congresso.