A distribuição de cestas básicas no interior de Tocantins serviu para engrossar a lista de assinaturas que o PSD precisa para obter o seu registro. As assinaturas foram colhidas sem o consentimento dos eleitores durante a distribuição dos alimentos em São Salvador do Tocantins, a 420 km de Palmas. As cestas foram entregues a dezenas de moradores em maio e diversos deles ouvidos pela reportagem manifestaram desconhecimento e indignação com o fato de terem sido usados pela legenda em formação.
O advogado do PSD, Admar Gonzaga, nega envolvimento com a fraude. O vereador Washington Milhomem (PR), conhecido como Pezão, foi quem comandou o processo. Parte das cestas básicas foi entregue na casa de um irmão dele, Willian, e outras, distribuídas por aliados. A entrega aconteceu em maio, quando o processo de coleta das assinaturas ainda estava no início.
Segundo moradores, Pezão distribuiu vales para as pessoas retirarem as cestas básicas na casa de seu irmão. Para pegar os alimentos, todos tinham de levar o título de eleitor e assinar um documento. O que não foi informado a eles é que este documento era a lista de apoio ao PSD.
A manicure Vilma Silva Rodrigues ficou surpresa com sua condição de apoiadora do partido. "Só assinei para ganhar a cesta." A distribuição das cestas básicas não se concentrou apenas na região central da cidade. No povoado de Retiro, a 25 km do centro da cidade, o ponto de entrega foi a casa de Izaque Martins Gonçalves, candidato derrotado a vice-prefeito em 2008.
A dona de casa Antonia Ferreira de Souza pegou a cesta com Gonçalves. Ela disse que teve de voltar para casa por ter esquecido o título de eleitor. “Se eu soubesse que era de um partido não tinha por que assinar. Eles disseram que era um cadastro do governo.”
O advogado do PSD destacou o tamanho continental do Brasil para desvincular o partido da possível fraude. “O Brasil tem quase 6 mil municípios”, disse. “O partido não precisaria distribuir cesta básica para conseguir assinatura de ninguém.” Ele afirmou ainda que o PSD defende a apuração do caso e a punição de eventuais culpados.
Kátia Abreu também negou vinculação com o episódio. “Se alguém for culpado, que seja punido severamente. Não compactuamos com este tipo de ação, embora eu não acredite que isso tenha acontecido”, disse. “É coisa de polícia se alguém comprou assinatura com cesta básica.”