Para o vice-prefeito, que tem defendido candidatura própria do PT na hipótese de o PSDB integrar as forças de apoio à reeleição de Lacerda, as legendas da base aliada de Dilma Rousseff devem ser prioritárias na construção de uma candidatura à PBH. “Queremos uma aliança com todos os partidos que compõem a base aliada da presidente Dilma em BH: o PSB, o PMDB, o PRB, o PCdoB, todos eles”, afirmou, apesar de o PMDB já ter anunciado candidatura própria ao governo municipal. “Queremos ouvir todas as lideranças nacionais do PT, as lideranças da cidade, e envolver toda a militância na campanha”, acrescentou Roberto Carvalho, em referência ao fato de o PSB nacional estar trabalhando na costura local da reedição da chapa PSB com o PT de vice e o apoio do PSDB.
O presidente do partido negou que, na prática, a aprovação da resolução pelo PT municipal signifique o afastamento de seu partido da reeleição de Marcio Lacerda. O PSDB e o PPS, que estão no governo municipal, já acenaram com o apoio à reedição da chapa PSB-PT. “O que queremos é que Lacerda esteja conosco, com o PT. Nós entendemos que neste momento não cabe o PSDB no arco de alianças”, afirmou Carvalho. Segundo ele, em 2008 a conjuntura municipal, estadual e nacional era diferente.
Citando a resolução do 4º Congresso Nacional do PT, Roberto Carvalho disse que os “grandes inimigos” do PT no plano nacional são o PSDB, o DEM e o PPS, partidos com os quais a legenda não deverá, em cidades com mais de 150 mil eleitores, compor a chapa majoritária. “Belo Horizonte não quer ser exceção. Precisamos resgatar a identidade do PT na cidade”, disse ainda o vice-prefeito.
Marco
A resolução aprovada nessa quinta-feira à noite pelo PT municipal se intitula o “marco inicial de um processo amplo de reconstrução da unidade do PT em Belo Horizonte”. O documento considera que a legenda saiu dividida nas eleições de 2006, 2008 e de 2010 porque as decisões políticas tomadas não foram construídas de modo a envolver as bases do partido. O texto diz ainda que o governo municipal eleito em 2010 com o apoio público, embora não formal, do PSDB, foi um fato “inusual da política brasileira” e o governo formado, ao integrar o PT e dar ao PSDB cargos expressivos na administração, trouxe para a sua dinâmica “uma tensão irresolvida entre dois programas históricos, cujo confronto tem organizado a política brasileira desde as eleições presidenciais de 1994”.
Para o PT municipal, essa “tensão irresolvida” que se revela na administração resultou, nas eleições do ano passado, no apoio de Marcio Lacerda a Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, a Antonio Anastasia. “Os resultados eleitorais em Belo Horizonte acabaram por dar vitória expressiva a Anastasia no primeiro turno e a Serra, por pequena margem, no segundo turno das eleições presidenciais”, considerou o documento, que ainda fez comparações entre as gestões petistas, a partir de Patrus Ananias, em 1992, e o governo do PSDB de Pimenta da Veiga e Eduardo Azeredo, entre 1989 e 1992.
O que diz a resolução
Trecho do texto aprovado pelo PT municipal nessa quinta-feira
“Os programas históricos do PT e do PSDB têm profundas, sérias e divergentes consequências para as políticas públicas municipais. Comparando os modelos de gestão em Belo Horizonte, do PSDB até 1992, e a administração democrática e popular liderada pelo PT a partir de 1993, se verá que, em termos da participação popular, da prioridade dos gastos sociais em educação e saúde, da ética e do combate à corrupção, do diálogo com os movimentos sociais e sindicais, das políticas de dignificação do funcionalismo e a defesa do interesse público, das políticas afirmativas dos direitos dos negros e das mulheres, do tratamento conferido à ecologia na cidade, teremos dois projetos, muito diferentes, com amplas repercussões na vida da população de BH. Por essas razões, o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores de Belo Horizonte delibera que não fará coligação formal nem informal com o PSDB, PPS e o DEM.”