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Estado de Minas

PT barra tucanos na aliança para eleições em BH

Diretório municipal do partido decide em reunião que só apoia reeleição de Marcio Lacerda se PSDB estiver totalmente fora da coligação. Caso contrário, lançará candidatura própria


postado em 16/09/2011 06:00 / atualizado em 16/09/2011 08:06

"Essa é uma posição majoritária, que tem ressonância em todas as instâncias do partido" - Roberto Carvalho, vice-prefeito e presidente do PT municipal (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O PT municipal não aceita, nem formal nem informalmente, o PSDB no arco de alianças para a reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Reunido nessa quinta-feira à noite, o diretório municipal aprovou resolução política que reitera a diretriz política. “O PT não quer coligação com o PSDB em Belo Horizonte. Eu represento a maioria do PT municipal. Essa é uma posição majoritária, que tem ressonância em todas as instâncias do partido”, disse nessa quinta-feira o vice-prefeito e presidente municipal do PT, Roberto Carvalho.

“Minas não pode continuar sendo uma geleia política”, afirmou Carvalho, negando que exista um acordo de líderes, costurado inclusive com o PSB nacional, para a reedição da chapa PSB-PT em Belo Horizonte, desta vez com o apoio formal do PSDB na coligação.

Para o vice-prefeito, que tem defendido candidatura própria do PT na hipótese de o PSDB integrar as forças de apoio à reeleição de Lacerda, as legendas da base aliada de Dilma Rousseff devem ser prioritárias na construção de uma candidatura à PBH. “Queremos uma aliança com todos os partidos que compõem a base aliada da presidente Dilma em BH: o PSB, o PMDB, o PRB, o PCdoB, todos eles”, afirmou, apesar de o PMDB já ter anunciado candidatura própria ao governo municipal. “Queremos ouvir todas as lideranças nacionais do PT, as lideranças da cidade, e envolver toda a militância na campanha”, acrescentou Roberto Carvalho, em referência ao fato de o PSB nacional estar trabalhando na costura local da reedição da chapa PSB com o PT de vice e o apoio do PSDB.

O presidente do partido negou que, na prática, a aprovação da resolução pelo PT municipal signifique o afastamento de seu partido da reeleição de Marcio Lacerda. O PSDB e o PPS, que estão no governo municipal, já acenaram com o apoio à reedição da chapa PSB-PT. “O que queremos é que Lacerda esteja conosco, com o PT. Nós entendemos que neste momento não cabe o PSDB no arco de alianças”, afirmou Carvalho. Segundo ele, em 2008 a conjuntura municipal, estadual e nacional era diferente.

Citando a resolução do 4º  Congresso Nacional do PT, Roberto Carvalho disse que os “grandes inimigos” do PT no plano nacional são o PSDB, o DEM e o PPS, partidos com os quais a legenda não deverá, em cidades com mais de 150 mil eleitores, compor a chapa majoritária. “Belo Horizonte não quer ser exceção. Precisamos resgatar a identidade do PT na cidade”, disse ainda o vice-prefeito.

Marco

A resolução aprovada nessa quinta-feira à noite pelo PT municipal se intitula o “marco inicial de um processo amplo de reconstrução da unidade do PT em Belo Horizonte”. O documento considera que a legenda saiu dividida nas eleições de 2006, 2008 e de 2010 porque as decisões políticas tomadas não foram construídas de modo a envolver as bases do partido. O texto diz ainda que o governo municipal eleito em 2010 com o apoio público, embora não formal, do PSDB, foi um fato “inusual da política brasileira” e o governo formado, ao integrar o PT e dar ao PSDB cargos expressivos na administração, trouxe para a sua dinâmica “uma tensão irresolvida entre dois programas históricos, cujo confronto tem organizado a política brasileira desde as eleições presidenciais de 1994”.

Para o PT municipal, essa “tensão irresolvida” que se revela na administração resultou, nas eleições do ano passado, no apoio de Marcio Lacerda a Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, a Antonio Anastasia. “Os resultados eleitorais em Belo Horizonte acabaram por dar vitória expressiva a Anastasia no primeiro turno e a Serra, por pequena margem, no segundo turno das eleições presidenciais”, considerou o documento, que ainda fez comparações entre as gestões petistas, a partir de Patrus Ananias, em 1992, e o governo do PSDB de Pimenta da Veiga e Eduardo Azeredo, entre 1989 e 1992.

O que diz a resolução

Trecho do texto aprovado pelo PT municipal nessa quinta-feira
 
“Os programas históricos do PT e do PSDB têm profundas, sérias e divergentes consequências para as políticas públicas municipais. Comparando os modelos de gestão em Belo Horizonte, do PSDB até 1992, e a administração democrática e popular liderada pelo PT a partir de 1993, se verá que, em termos da participação popular, da prioridade dos gastos sociais em educação e saúde, da ética e do combate à corrupção, do diálogo com os movimentos sociais e sindicais, das políticas de dignificação do funcionalismo e a defesa do interesse público, das políticas afirmativas dos direitos dos negros e das mulheres, do tratamento conferido à ecologia na cidade, teremos dois projetos, muito diferentes, com amplas repercussões na vida da população de BH. Por essas razões, o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores de Belo Horizonte delibera que não fará coligação formal nem informal com o PSDB, PPS e o DEM.”


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