Jornal Estado de Minas

PT tenta barrar alianças municipais com partidos de oposição ao governo Dilma

Já está nas mãos da direção estadual documento com a decisão tomada pelos dirigentes municipais do PT, por unanimidade, rejeitando participação do PSDB, DEM e PPS na aliança

Leonardo Augusto

  O vice-prefeito Roberto Carvalho levou pessoalmente o documento aos dirigentes estaduais do PT - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil

Mais pressão para ter os tucanos bem longe. O vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, presidente do PT municipal, entregou nessa segunda-feira ao presidente estadual da legenda, Reginaldo Lopes, a resolução aprovada pelo diretório da capital de não ter o PSDB, DEM, e PPS na coligação a ser fechada pela legenda no ano que vem para a disputa pela prefeitura da cidade. “O PT quer resgatar a sua unidade e a sua identidade. Caminharemos, sim, com os partidos da base aliada (da presidente Dilma Rousseff), sem o PSDB, o Democratas e o PPS”. Em 2008, os tucanos fizeram aliança informal com o PT em torno da chapa de Marcio Lacerda (PSB)/Roberto Carvalho, e participam da administração.

A resolução entregue ao PT estadual, aprovada na quinta-feira, diz que a candidatura do partido em Belo Horizonte “deverá ser orientada por um claro perfil de oposição ao projeto tucano em Minas e no Brasil”. Reginaldo Lopes garantiu que a decisão será acatada. A resolução aprovada pelo PT municipal foi aprovada por 38 votos a zero.

Tambémnessa segunda-feira , horas antes de a resolução ser entregue ao PT estadual, o presidente estadual do PSB, Walfrido Mares Guia, convidou oficialmente o PSDB para participar formalmente da aliança em torno da disputa de Marcio Lacerda pela reeleição. O PT já foi convidado pelo PSB para indicar novamente o vice na chapa.

Roberto Carvalho negou a possibilidade de mudança no posicionamento do PT municipal por pressão de instâncias superiores e a possibilidade de divisões internas no partido nas eleições do ano que vem. “O congresso nacional do PT decidiu, deixou claro, que quem determina o rumo das eleições municipais é o diretório municipal”. E detalhou as razões da decisão: “Queremos a construção de um projeto popular em Belo Horizonte. Para isso o PSDB tem projeto antagônico. Dentro da unidade do PT não teremos racha. A instância estadual da legenda está acompanhando, vai acompanhar. O presidente nacional, Rui Falcão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, estamos conversando com todas as lideranças e não vamos repetir erros do passado.”

Momento certo


O vice-prefeito afirmou que no momento não é necessário discutir nomes que vão integrar a chapa que o partido vai participar nas eleições de 2012. “Temos que discutir programa, avaliar a administração, ver o que avançou, o que não avançou, o que precisa avançar. Os nomes serão discutidos no momento certo”, argumentou.

Na resolução aprovada pelo diretório municipal, o partido diz que “a candidatura tanto pode ser encabeçada pelo PT como por outros nomes apresentados pelos partidos da base aliada da presidente Dilma, excluindo, como já definido em resoluções do partido no IV congresso e pelo diretório estadual de Minas Gerais, o PSDB, DEM e PPS. O texto afirma também que o diálogo com os partidos da base da presidente para a disputa pela prefeitura tem como objetivo “a retomada e ampliação do projeto democrático e popular iniciado em 1993”, ano em que se iniciou o mandato de Patrus Ananias, o primeiro petista a governar Belo Horizonte.