O ex-secretário nega participação no esquema. O CPF do pedetista aparece em registros de quatro propriedade no Norte de Minas. No Iter, porém, as áreas, três rurais e uma urbana, estão em nome de laranjas, segundo as investigações. Manoel Costa diz não saber o motivo de seu documento ter aparecido nas averiguações. “É algo que precisa ser investigado”, afirma.
O pedetista alega que a segunda exoneração aconteceu por um pedido que fez ao governador. “Para evitar desgaste na Assembleia”, argumentou. No Minas Gerais consta a mesma informação. Na terça-feira, porém, ao mesmo tempo em que o governo do estado afirmava que a dispensa de Costa fora realizada também a pedido, o ex-secretário dizia ter sido “pego de surpresa”.
Costa afirmou que poderá voltar a ocupar cargo no estado. “Depois que tudo for apurado, posso retornar”, afirmou. “Sou da mesma linha do ex-presidente Itamar Franco”, disse, se referindo ao episódio de afastamento do ministro da Casa Civil, Henrique Hargreaves, supostamente envolvido em denúncias de irregularidades na elaboração do Orçamento da União, que depois voltou ao posto ao ter provada sua inocência.
O governo de Minas ainda não sabe quem vai indicar para o comando da Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária. Para responder interinamente pelo Iter foi acionado o corregedor-geral do estado, Moacyr Lobato, que acumulará os dois cargos. O cargo ocupado por Manoel Costa no Consea não era remunerado, conforme afirmou a assessoria de comunicação do governo do estado.
Entenda o caso
A Operação Grilo foi deflagrada na terça-feira pela Polícia Federal, Ministério Público e Receita Estadual e teve como alvo um grupo de prefeitos, políticos, empresários e servidores públicos acusados de envolvimento em um esquema de grilagem de terras devolutas.
O grupo é acusado de falsificação de documentos públicos e particulares, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
As investigações apontaram que terras públicas situadas no extremo Norte de Minas eram vendidas a mineradoras com o objetivo de explorar jazidas de minério de ferro recentemente descobertas – estima-se um volume de 10 bilhões de toneladas.
Foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão, nove pessoas foram presas, dois prefeitos afastados por decisão judicial, três carros apreendidos e R$ 41 milhões bloqueados em contas bancárias.