Jornal Estado de Minas

PMDB teme avanço do PT nas eleições de 2012

Partido espera aumentar o número de prefeituras sobre seu comando nas próximas eleições

Karla Correia
A reação do eleitorado à razoável estabilidade da economia brasileira e o precoce trabalho de corpo a corpo do PT — encampado principalmente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — no debate sobre candidaturas para prefeito em 2012 fizeram ligar o sinal de alerta no PMDB. Apesar da meta audaciosa de elevar de 1.175 para 1,3 mil o número de prefeituras comandadas pela legenda no próximo ano, a cúpula do partido teme perder espaço no pleito. E vê no PT o principal motivo para sua preocupação. “Já será difícil manter o tamanho atual do partido nos municípios, que dirá conquistar prefeituras”, admite um cacique peemedebista que pediu para não ser identificado. “O problema é que o PT fez o dever de casa e capitalizou os avanços do governo anterior. O PMDB falhou em não fazer o mesmo.”
As regiões avaliadas como mais problemáticas são o Nordeste, onde a aceitação ao PT é alavancada pelos altos índices de aprovação ao governo do ex-presidente Lula, e o Sul, muito por conta dos rachas ocorridos na legenda na campanha presidencial de 2010. Nos três estados da região, o PMDB se dividiu entre as candidaturas de Dilma Rousseff e José Serra ao Palácio do Planalto. E, agora, paga a fatura.

Presidente da Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao PMDB, o deputado Eliseu Padilha (RS) afirma que a meta do partido é lançar candidatura própria em todas as capitais. “São prioridade por serem um centro de irradiação para as demais cidades de cada estado e o PMDB deve se preparar para uma campanha agressiva nas prefeituras em 2012”, diz. “Trabalhamos na direção de ter uma candidatura própria em cada cidade do país”, afirma o deputado.

Detentor do maior número de prefeituras entre os partidos, o PMDB vem experimentando nas últimas eleições um lento declínio no Executivo municipal. Em 1996, a legenda elegeu 1.311 prefeitos, mais do que estabeleceu como objetivo para o próximo ano. Em 2000, encolheu para 1.260. Quatro anos depois, foram 1.061. A legenda está longe de perder a hegemonia entre as prefeituras — o PSDB, segundo colocado, elegeu 788 prefeitos em 2008. No PT, foram 558 os eleitos naquele pleito. “Mas a redução no número de prefeitos se reflete também na perda de capilaridade de um partido. E isso tem um impacto significativo na formação de bancadas parlamentares e na eleição de governadores”, pondera o vice-presidente do diretório nacional do PT, deputado José Guimarães (CE).

Para o deputado, a tensão entre as duas legendas levou a uma antecipação das articulações em torno da disputa pelas prefeituras do próximo ano. “Normalmente as prévias para escolha de candidatos ocorrem lá por janeiro, no ano da eleição. A prévia para a Prefeitura de São Paulo está marcada para 27 de novembro”, diz Guimarães, citando como exemplo a contenda de maior destaque para as eleições de 2012.

Em São Paulo, o PMDB aposta na renovação da legenda decorrente da ascensão do vice-presidente Michel Temer como principal liderança do partido no estado, após a morte de Orestes Quércia. O deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), pré-candidato ao cargo, seria a encarnação desse novo momento do partido. O PT conta com Lula, em favor da candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad. Os dois partidos veem chances reais de derrubar qualquer tentativa do atual prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, de fazer seu sucessor com apoio do PSDB.