O MCCE tem um levantamento mostrando que, em 23 cidades, já existem leis aprovadas ou em tramitação exigindo a Ficha Limpa para servidores que pretendem ingressar na carreira pública. Em Canoas (RS), por exemplo, o reforço à honestidade começa cedo: no Colégio La Salle, os alunos cobram a Ficha Limpa para quem deseja ingressar no Grêmio Estudantil. “A internet tem nos ajudado nesse processo de mobilização. Estamos vivendo um momento de efervescência que lembra períodos como a defesa da reforma sanitária nos anos 1960 e 1970 ou a campanha Diretas Já”, comparou a diretora do MCCE.
Passeata
O diretor da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo, é menos otimista em relação ao atual momento vivido pelo país, embora reconheça a profusão de movimentos contrários à corrupção. Entretanto, ele concorda que situações como as vassouras fincadas no gramado próximo ao Congresso entre terça-feira e nessa quarta-feira, a passeata de 20 mil pessoas no feriado de 7 de setembro, os debates sobre os limites de atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a própria análise da Ficha Limpa no STF representam alguns sinais de reação popular. “O progresso nas leis só virá mediante a reação da sociedade”, declarou.
Abramo lembra, no entanto, que o corporativismo no Congresso dificulta avanços no combate à corrupção. Ele cita, por exemplo, a absolvição da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) — uma parlamentar fora da base governista e filiada a um partido nanico flagrada recebendo propina — sob a alegação de que o crime praticado precedeu o atual mandato. “Era a chance de dar uma resposta à sociedade e a resposta não foi dada”, completou. O representante da Transparência Brasil ainda reclama que o Congresso abdicou do seu papel de fiscalizar as ações do Poder Executivo. E faz isso amparado pela Constituição Federal.