O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) promove hoje um nesta quinta-feira no Congresso Nacional para lembrar os dois anos da entrega das 1,3 milhão de assinaturas do Projeto da Ficha Limpa e os 12 anos da aprovação da lei que tipifica como crime a compra de votos durante as eleições. Inicialmente, o evento estava marcado para o Salão Negro, localizado na entrada do Congresso. No entanto, foi transferido para um espaço mais discreto, o Auditório Nereu Ramos, próximo à saída do Anexo 2 da Câmara. Segundo a assessoria do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o Salão Negro já estava reservado para outra finalidade. “Paciência, foi o que conseguimos”, lamentou a diretora do MCCE, Jovita Rosa.
A entidade terá a companhia da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, de representantes da Comissão de Legislação Participativa e da Frente Parlamentar pelo Voto Aberto. Além de comemorar a data, o encontro tem outras duas intenções: apresentar um projeto de lei instituindo 29 de setembro como o Dia da Iniciativa Popular e fazer um alerta para o risco de o Supremo Tribunal Federal (STF) tornar inconstitucional a Lei da Ficha Limpa. “Se isso ocorrer, as consequências na sociedade serão imprevisíveis”, declarou Jovita.
Passeata
O diretor da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo, é menos otimista em relação ao atual momento vivido pelo país, embora reconheça a profusão de movimentos contrários à corrupção. Entretanto, ele concorda que situações como as vassouras fincadas no gramado próximo ao Congresso entre terça-feira e nessa quarta-feira, a passeata de 20 mil pessoas no feriado de 7 de setembro, os debates sobre os limites de atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a própria análise da Ficha Limpa no STF representam alguns sinais de reação popular. “O progresso nas leis só virá mediante a reação da sociedade”, declarou.
Abramo lembra, no entanto, que o corporativismo no Congresso dificulta avanços no combate à corrupção. Ele cita, por exemplo, a absolvição da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) — uma parlamentar fora da base governista e filiada a um partido nanico flagrada recebendo propina — sob a alegação de que o crime praticado precedeu o atual mandato. “Era a chance de dar uma resposta à sociedade e a resposta não foi dada”, completou. O representante da Transparência Brasil ainda reclama que o Congresso abdicou do seu papel de fiscalizar as ações do Poder Executivo. E faz isso amparado pela Constituição Federal.