O advogado do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), José Roberto Leal de Carvalho, admitiu nesta quinta-feira que é difícil defender seu cliente na Justiça. Durante julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), ele disse que Maluf carrega um “carisma de desprezo”. “Desprezo não, de ódio, desde a Copa de 1970. Começa o calvário dele lá”, disse Leal, na tribuna da Corte.
O STF analisa nesta tarde se há indícios da participação de Maluf e de mais oito pessoas em crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas. Eles são acusados de montar um esquema de lavagem de dinheiro para ocultar o desvio de verba das obras de construção da Avenida Jornalista Roberto Marinho, antiga Avenida Água Espraiada, em São Paulo. A construção da avenida ocorreu quando Maluf era prefeito de São Paulo, na década de 1990.
De acordo com o advogado de Paulo Maluf, não foram apontados fatos ou elementos que denunciem a reunião da família para praticar o crime. “Aliás, não é possível que ela [a família de Maluf] seja infiltrada por um policial, porque se ele [o policial] se infiltrar, ele pode ser membro da 'quadrilha'. O gozado é que todos os membros da 'quadrilha' estão em estado de flagrância, porque a quadrilha continua. Ela só vai acabar quando matarem todos e restarem apenas três. Isso é um absurdo”, ironizou Leal.
No intervalo da sessão, o advogado também criticou a atuação da imprensa, pois ele alega que seu cliente recebeu tratamento tão “forte” que tudo acaba conspirando contra ele. “Toda vez que apresento petição em nome de Paulo Maluf, ela é vista com má vontade”.
O julgamento começou no início da tarde, com a leitura do relatório do ministro Ricardo Lewandowski. Depois, falaram o representante do Ministério Público e os advogados dos envolvidos. Neste momento, o relator faz seu voto.