Jornal Estado de Minas

Despesa com manutenção da Cidade Administrativa já estourou orçamento de 2011

Só a energia elétrica da sede do governo custou ao estado R$ 6,9 milhões até setembro

Alice Maciel
O gasto operacional da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, sede do governo de Minas, ultrapassou em setembro o valor previsto para todo o ano. No orçamento foram destinados R$ 97 milhões, mas já foram gastos R$ 99,6 milhões. Entre os itens das despesas estão material de consumo, energia elétrica, alimentação, locação de máquinas e equipamentos, serviços gráficos, TV por assinatura, veículos, telefonia e manutenção das instalações, entre outros. Os dados foram consultados no Orçamento de 2011, disponível no site da Secretaria de Planejamento e Gestão e no Portal da Transparência.
A despesa com energia elétrica na Cidade Administrativa chegou, até setembro, a R$ 6,9 milhões. Esse valor é quase o total do orçamento reservado para esse tipo de gasto em 2011. Boa parte do sistema de iluminação dos prédios Minas e Gerais tem ficado acesa à noite e durante a madrugada e pode ser observado por quem trafega pela Linha Verde. Foi o que constatou o Estado de Minas às 2h de sexta-feira.

Quando a obra foi anunciada, no entanto, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) publicou que a Cidade Administrativa economizaria energia por ter “prédios dotados de um sistema central computadorizado e inteligente que controla o uso de elevadores, o acionamento de lâmpadas e do ar-condicionado e a presença de sensores fotossensíveis que evitam a iluminação e climatização de ambientes vazios”.

Em fevereiro, o governo empenhou R$ 6,1 milhões para a Cemig. Em agosto, o dinheiro já havia sido usado e o estado teve de reservar mais R$ 963,4 mil, valor que também já está praticamente todo comprometido. O estado ainda tem de pagar para a companhia de energia elétrica R$ 152,2 mil referentes a gastos não pagos no ano passado.

O custo com energia elétrica está entre os serviços com terceiros que consumiram do governo R$ 66,6 milhões, a maior despesa operacional da Cidade Administrativa. O valor empenhado para esses serviços foi de R$ 78 milhões. Entre outros gastos estão: despesas de exercícios anteriores, que chegam a R$ 6.085.059,63, locação de mão de obra, que consumiu R$ 19.474.998,43, e serviços de consultoria, que chegaram a R$ 986.484,95. O governo não informa quanto foi planejado no orçamento para cada despesa pelo funcionamento dos prédios.

Previsão

Quando a Cidade Administrativa foi inaugurada, em março de 2010, o governo anunciou que havia a previsão de reduzir em R$ 85 milhões por ano as despesas com a máquina pública ao transferir as secretarias para o prédio localizado no Vetor Norte da capital mineira. Um ano depois de concluída, a Cidade Administrativa ainda não conseguiu, como previa, concentrar em um só local secretarias, autarquias e fundações. Conforme cronograma estabelecido pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), a transferência dos servidores deveria ter sido concluída em junho do ano passado, junto ao estudo que apontaria o valor dos imóveis para venda. Segundo cálculos do governo, a economia com o pagamento de aluguéis, quando a mudança estiver concluída, será de R$ 19,7 milhões por ano.

Segundo a assessoria da Seplag, o orçamento foi suplementado no início deste ano depois de ter sido aprovado na Assembleia Legislativa de Minas no ano passado. “Tal suplementação deveu-se ao fato de não termos todos os órgãos e entidades instalados até o prazo de elaboração e envio do orçamento para aprovação pela Assembleia, em 2010, o que impossibilitou um planejamento exato das despesas para 2011”, informou a secretaria, acrescentando que, na época, 10 órgãos e 4,4 mil pessoas estavam instalados na Cidade Administrativa e que, atualmente, já estão lá 55 órgãos e 15 mil pessoas. Ainda de acordo com a assessoria, os gastos estão sendo executados conforme o planejado e as despesas não deverão exceder o orçamento total aprovado para o ano. Quanto às luzes, a assessoria informou que são apagadas depois das 19h, mantendo-se acesas as do hall de recepção e pilotis por motivo de segurança. “Como a limpeza do complexo é realizada no período noturno (das 19h às 7h), as luzes dos andares são acesas de forma programada por setor que está em manutenção”.