Na segunda etapa da atual viagem à Bulgária, que se encerra hoje, a expectativa não era outra senão o reconhecimento de Dilma como uma das líderes mundiais mais importantes. E o primeiro- ministro, Boyko Borisov, de fato não economizou palavras. Ele disse que Dilma é "a dirigente de uma das economias mais fortes do mundo". Agradeceu a vista da presidente ao país porque, segundo ele, sinaliza para "Bruxelas e para o mundo a importância da Bulgária". Em seguida, revelou o que lhe disse a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, em uma conversa que tiveram durante a posse de Dilma, em 1º de janeiro. "Ela me disse sentir inveja da Bulgária, que tem a presidente Dilma Rousseff uma amiga", contou Borisov.
Dilma e a diplomacia brasileira deixaram claros os esforços para que a visita dela à Bulgária, oficialmente iniciada nessa quarta-feira, não se limitasse à importância pessoal, devido ao fato de seu pai ter nascido no país. "Ao longo da preparação desta visita, minha orientação sempre foi muito clara: a de aproveitar o caráter emotivo de uma viagem como esta para traduzi-lo em oportunidades concretas de cooperação em benefício de nossos povos", disse Dilma, no encerramento de um encontro que reuniu líderes empresariais brasileiros e búlgaros.
Aumentar as exportações de produtos brasileiros é uma das metas do governo. Mas há um outro especialmente nesta viagem de Dilma à Europa: vender o Brasil como uma potência global que deve ter maior peso nas decisões políticas e econômicas. Esse objetivo ficou claro nos discursos de Dilma nessa quarta-feira, após o encontro com o presidente Georgi Parvanov, durante a reunião com o primeiro-ministro Borisov e também na hora de falar aos empresários.
Além de abordar as oportunidades empresariais dos dois lados, Dilma voltou a comentar a crise econômica que afeta sobretudo a Europa, como havia feito em Bruxelas na segunda e na terça-feira. "O mundo enfrenta uma crise econômica sem precedentes. Os países desenvolvidos não encontram equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos necessários à economia. Insistem em velhas ideias. Muitas vezes, o que gerou a crise é reafirmado e prescrito como terapia para uma combalida economia mundial."
Pai Em entrevista a jornalistas de televisão, no final do encontro empresarial, Dilma ressaltou que a visita à Bulgária é um momento especial. "É a terra de meu pai." Petar Rousev nasceu em 1900 em Gabrovo, no interior da Bulgária, a cerca de 200 quilômetros da capital. Em 1929, deixou o país e na década de 1940 estabeleceu-se no Brasil, depois de ter passado por outros países. A presidente dedica o dia de hoje a uma visita à cidade e a um forte militar que fica nas imediações. Indagada se estava preparada para a visita, ela hesitou: "Espero que esteja. Mas a gente nunca sabe. Na hora, a emoção pode bater muito forte".
Em seguida, um jornalista búlgaro perguntou o que ela devia a Petar Rousev, o que a surpreendeu: "A meu pai? A vida! Tem algo mais do que isso?". Ao despedir-se de Dilma, o presidente Parvanov, que acompanhou a entrevista, pediu desculpas pela pergunta do jornalista, que considerou inconveniente. Dilma lhe disse que não via qualquer problema e que a imprensa brasileira costuma agir da mesma forma.
Primas no jantar
Quatro primas de Dilma participaram nessa quarta-feira do jantar oferecido à delegação brasileira pelo presidente da Bulgária, Georgi Parvanov. Vesela Koleva e a mãe, Toshka Kovacheva, que moram em Gabrovo; Tsana Kamenova e Ralisa Neguentsova, que moram em Sófia. Todas pretendem estar hoje em Gabrovo, na visita de Dilma à cidade natal do pai. Segundo Neguentsova, que concedeu entrevista ao Estado de Minas, publicada na edição de segunda-feira, elas apenas cumprimentaram a presidente, mas não conversaram. "Eu espero falar com ela, nem que seja apenas por dois minutos." O que dirá? "Não sei o que o coração vai querer dizer na hora", disse. De Gabrovo, Dilma embarca hoje para a Turquia, a etapa final da viagem.