Jornal Estado de Minas

Infraestrutura para a Copa do Mundo é motivo de discórdia entre vereadores de BH

Amanda Almeida
Insatisfeito com projeto de lei da Prefeitura de Belo Horizonte, um grupo de vereadores está em “greve” de votação em plenário. Usando o regimento interno da Câmara Municipal para derrubar o quórum, eles já conseguiram acabar com três sessões plenárias sem votações. Nessa quarta-feira, foram apenas cinco minutos de reunião. O motivo da discórdia é a proposta que traz incentivos à construção de hospitais, hotéis e centros culturais, sob argumento de melhorar a infraestrutura da capital para a Copa do Mundo’2014.
Um dos benefícios às empresas que decidirem levantar esses tipos de empreendimentos na capital é o aumento do coeficiente de construção de regiões da cidade. Em outras palavras, abre brecha para construções maiores do que o permitido pelo Código de Obras e Edificações do município. A preocupação dos vereadores é de ficar com o ônus de terem de autorizar empreendimentos aos quais a população é contrária. É o caso de um novo hospital, em substituição ao Instituto dos Olhos Hilton Rocha, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, incrustado na montanha.

Os moradores já protestaram e entregaram documento ao Ministério Público Estadual, cobrando uma ação do órgão. “Quando for construído, a culpa vai ser de quem? Dos vereadores”, reclama Henrique Braga (PSDB). Apesar de se dizerem contrários aos empreendimentos, eles não querem derrubar o projeto em votação, preferindo que a prefeitura o retire de pauta. “Depois, o prefeito vai jogar a culpa também para os vereadores, dizendo que eles foram contrários ao desenvolvimento da cidade”, diz.

Batendo o pé Além dele, outros cinco vereadores estariam batendo o pé pela retirada do projeto. Sem sucesso, na terça-feira e ontem, o vereador Autair Gomes (PSC) aproveitou momento em que o plenário estava vazio para pedir verificação de quórum. Ignorando a pauta com mais de 20 projetos, acabou com a reunião nos dois dias. Ontem, o presidente da Casa, vereador Léo Burguês (PSDB), chamou os vereadores para uma conversa com portas fechadas.

Em tom alterado, eles discutiram: enquanto o líder de governo, vereador Tarcísio Caixeta (PT), pedia a votação, outros queriam a retirada do projeto. Não houve consenso. “Se não querem votar projeto do Executivo, podem votar dos vereadores. Mas eles disseram que só votam se a prefeitura retirá-lo de pauta”, comenta Burguês. Para o vice-líder de governo, Daniel Nepomuceno (PSB), se os vereadores não concordam com a matéria, deveriam reprová-la em votação. “Se são contrários, por que não derrubam? Isso é barganha.”