As insatisfações de políticos com seus partidos, inclusive dentro da base aliada, também têm servido de motor para o êxodo em direção ao PSD. É o caso de Reinhold Stephanes (PR), que deixa o PMDB depois de ser preterido pela legenda na escolha do novo ministro da Agricultura. “Disseram que eu não serviria ao partido. E não serviria mesmo. Se fosse ser ministro, estaria no cargo para servir ao país”, desabafa Stephanes, com a mala arrumada para o PSD. O PMDB deve perder cinco deputados para a sigla de Kassab.
Com uma estratégia voltada para as eleições municipais, o partido lançará algo em torno de 1,2 mil candidatos a prefeito em 2012, e até 11 mil candidatos a vereador. “Esses são, hoje, os números mais importantes do partido”, avalia o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz. “Não existe partido sem uma base municipal forte, bem estruturada. É o fundamento do poder de fogo de qualquer legenda no país”, afirma.
Alianças
A meta para 2012 é manter essa massa de mandatos nos municípios. Para tanto, o foco da legenda se volta para cidades de pequeno e médio porte e para alianças estratégicas nas capitais estaduais. “Estamos todos concentrados em alcançar o maior número possível de candidatos até esta sexta-feira. Em um partido com a dimensão do nosso, o índice de candidatos eleitos gira em torno de 40% a 45%, o que nos permitirá manter, até ampliar um pouco desse capital político com que iniciamos”, diz Queiroz.
Para os observadores de demais partidos, 2012 será, de fato, o grande teste de força para o PSD e, sobretudo, para seu fundador, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. “Vamos saber nessa eleição se o Kassab é tão grande quanto parece ser”, alfineta o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).“Há que se lembrar que ele chegou ao poder pelas mãos do (José) Serra. Mesmo tendo vencido o Geraldo Alckmin na disputa pela prefeitura de São Paulo, o apoio do PSDB sempre esteve por trás dele”, pondera Guerra.
Diante do potencial político da nova legenda, o Palácio do Planalto tem acompanhado cada passo da movimentação do PSD em sua formação. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, fez chegar a interlocutores no Congresso o que o Planalto espera da nova sigla: ela não deve ser tão grande a ponto de ameaçar o equilíbrio de forças e começar a dar as cartas dentro da base aliada nem tão pequena a ponto de se transformar em mais um partido nanico, sem poder para fazer frente ao papel dominante do PMDB na sustentação do governo.